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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre


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Na madrugada de sábado morreu um adepto junto ao Estádio da Luz. Num mundo em que as tragédias, as barbaridades e os actos cruéis ou sanguinários se tornaram banais e recorrentes, o risco é que mais uma vez encolhamos os ombros, assobiemos para o lado e que esperemos tranquilamente pela próxima manifestação de selvajaria e de barbárie. Provavelmente nem teremos de esperar muito e isso não deixa de ser inquietante.

Foi assassinado um adepto que nem era português e que estava em Portugal, acompanhado de mais três adeptos da "equipa viola", para assinalar a geminação entre a "Juventude Leonina" e a claque "Viola Club 7 Bello 1965". Mas isso para o caso é o menos importante. Um homem com nome e cara, Marco Ficini, de 41 anos, que tem agora uma família para o chorar e que representa uma tragédia a mais neste mundo louco. Ainda há poucos dias assistimos a um adepto a ser lançado mortalmente de uma bancada na Argentina por alegadamente pertencer a outro clube (o que pelos vistos até seria falso, mas que nunca serviria de justificação). Estamos decididamente num caminho perigoso, em que o extremismo e o fanatismo ganham terreno a cada dia que passa. E isso é transversal a vários sectores da sociedade.

Nem sequer interessa muito destacar os pormenores selváticos que rodearam a morte deste adepto italiano e que ainda não se conhecem na sua totalidade, e que vão para além de intencionalidade clara de matar numa agressão cobarde usando um veículo, tendo como pano de fundo o futebol. Morreu um homem assassinado, numa morte não só evitável como condenável. Só isso devia ser suficiente para sobressaltar as nossas consciências, para nos fazer pensar e reflectir.

Podemos sempre dizer e bem que não devia estar naquele local àquela hora, tal como adeptos do Benfica ou de outros clubes já estiveram junto a estádios de rivais em outras ocasiões. É um facto. De qualquer forma estamos ainda num país livre e não num campo de guerra e nada dá o direito a alguém de matar seja quem for. Isto não pode ser desculpado, justificado, ou muito menos compreendido.

Na reacção a isto tivemos os dirigentes dos dois clubes – Sporting e Benfica – num espectáculo mais uma vez deplorável. Um (BdC), aproveitando o facto para lançar um convite a LFV para estar consigo na tribuna de honra, carregado de indirectas ao presidente rival e à sua ligação às respetivas claques, mostrando que mais que uma tentativa séria de pacificação no futebol português, pretendia aproveitar-se da situação e rebaixar o seu homólogo benfiquista. O outro recusou aproveitando esse facto e mais tarde, numa manifestação de cinismo e hipocrisia, apesar de dizer lamentar o sucedido com o adepto italiano, quase justificou o sucedido com a presença dele no local errado na hora errada, tendo comparado o presidente do Sporting a Vale e Azevedo, chamando-lhe demagogo, populista e mentiroso. Na resposta seguinte, BdC apelidou-o de cobarde, ironizou com a porta 18 e o pó branco e disse que LFV, logo que saísse da presidência do Benfica, seria vizinho de Vale e Azevedo. Mais tarde o inefável Saraiva, que parece querer manter o emprego a todo o custo, carregou novamente sobre Vieira… e isto promete não ter fim, hoje provavelmente com os paineleiros a continuarem a degladiar-se nos programas televisivos de “comentário desportivo” e que só servem para incendiar ainda os ânimos e desviar as atenções daquilo que o desporto tem de mais belo e que devia ser o seu foco. Um lixo que só existe porque os adeptos dão audiência a estes verdadeiros atentados ao bom senso e à inteligência alheia. E nem com a divulgação de “cartilhas” deixam de assistir a este verdadeiro estrume televisivo que só serve para adubar a violência no desporto.

Ah… e pelo meio parece que até houve um Sporting-Benfica, que representou um péssimo espectáculo, em que o Benfica deu mais um passo rumo a um tetra inédito no seu historial, ainda para mais ajudado com novo deslize do Porto no domingo em casa, ante o Feirense. Mas isso pelos vistos é apenas um facto de menor importância. O espectáculo principal já não é o futebol, isso passou apenas a ser algo colateral. O que interessa é espezinhar o rival, seja para desviar atenções de fracassos sucessivos que vão ocorrendo desportivamente, quer para continuar uma hegemonia em que muitos dos métodos usados são questionáveis. Os adeptos são instrumentalizados e deixam-se arrastar nesta querela insana, aplaudindo estes episódios rasteiros dos seus dirigentes enquanto aguardam pelo próximo round e trocando insultos e ameaças nas redes sociais e em qualquer local em que tal se propicie. Parece que o simples facto de alguém ser de um clube rival dá direito a que seja demonizado ou achincalhado… não temos todos nós amigos e familiares que são de outro clube? E então? Desejamos-lhe algum mal? E porque raio havemos de querer mal a quem não conhecemos, que tem filhos, irmãos ou família que o estimam e querem e onde estarão incluídos também adeptos de vários clubes certamente? Ou estamos apenas à espera de um pretexto e de uma vítima inocente para descarregarmos todas estas emoções negativas e as frustrações pessoais?

Não era tempo de isto acabar? Querem que continuem a ocorrer mais mortes como a deste adepto e a do very-light em 1996? Ou está tudo bem desde que seja do "inimigo"?

Façamos todos uma reflexão e um apelo aos políticos, juízes, treinadores, dirigentes, adeptos.

Aos políticos… deixem de usar apenas o futebol e o desporto para aproveitamento dos sucessos desportivos das selecções. Não se limitem a comparecer nos estádios junto de dirigentes de clubes… Intervenham junto deles e façam-lhes ver que isto não pode continuar. Criem legislação e façam-na cumprir sobre violência verbal e não-verbal no desporto. Repudiem publicamente estes comportamentos. Dêem instruções às polícias para investigarem seriamente as claques e os métodos que utilizam, sejam elas legalizadas ou não. Há lá gente boa, mas também energúmenos e criminosos e estes não têm lugar no futebol.

Aos juízes pede-se que punam severamente os culpados, não apenas de assassinatos, mas de agressões cobardes a coberto de pretextos de “apoio” aos clubes.

Quanto aos treinadores, falem sobre o jogo, tácticas, objectivos, etc. Assumam os vossos fracassos e erros. Não andem, veladamente ou de forma declarada, a acicatar ainda mais os ânimos.

Em relação aos adeptos (todos nós)….Acabem-se com as tarjas a exaltar a violência ou a gozar com a morte de outros. Acabem com assobios a imitar very-lights. Acabem com agressões gratuitas nos estádios e à volta deles. Respeitem a morte, porque vai calhar a todos e de preferência que seja natural e ao fim de uma longa vida. As claques que se humanizem, façam cânticos a puxar pelo seu clube e pela positiva, parando com provocações ou comportamentos criminosos onde existirem, com ameaças mútuas ou desafios para duelos seja onde for. Comentem menos nas redes sociais, se não o conseguem fazer sem entrar num registo de insulto ou ameaça ao primeiro pretexto e não vejam apenas as culpas alheias. Não assistam a programas de paineleiros irresponsáveis. Desfrutem dos bons valores e dos verdadeiros prazeres da vida. Dêem um passeio, umas futeboladas com os amigos, independentemente do clube a que pertençam, ou façam-no com os filhos. Não contribuam mais ainda para tornar o mundo e o do desporto em particular, um local irrespirável e em que pessoas de bom senso e moderação, não possam ter lugar.

Por último, para os dirigentes, que têm responsabilidades acrescidas, não façam declarações irresponsáveis. Não usem os adeptos dos respectivos clubes como escudos humanos ou baixas colaterais, para poderem desviar as atenções ou para se manterem agarrados ao lugar. Não distribuam cartilhas a parasitas do futebol a quem ninguém devia dar audiência ou atenção. Sensibilizem os vossos departamentos/agências de comunicação para darem mais atenção à divulgação das notícias sobre o próprio clube e o mínimo de intervenções sobre os rivais.

Não transformem tudo isto num campo de batalha que torne impossível ou imprudente levar crianças a estádios ou ir acompanhado com amigos ou namorados/as de clubes rivais, sem que se corram riscos sérios de agressões, nem que seja de pessoas do próprio clube. Mais que isso… não desmotivem de vez as pessoas de irem assistir a espectáculos desportivos, porque isso levará ao definhamento dos clubes. Defendam os emblemas que representam, mas não os envergonhem. Tenham carácter e não subestimem o alcance a gravidade do que dizem/mandam dizer e as consequências dos actos que praticam. Se no final não o conseguirem… podem sempre retirar-se e deixar o desporto e o futebol para quem o preza e sabe respeitar.

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20
Abr17

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E eis que, “num abrir e fechar de olhos”, chegámos ao redondo número 100.

 

Antes de mais, gostaríamos de agradecer do fundo do nosso coração sportinguista a todos os leitores, todos! Aos que leram todos os 99 anteriores como aos que leram apenas 1, aos que concordam com o que lêem e aos que discordam. Não nos lançámos a este desafio para “palmadinhas nas costas” mas sim para incomodar e (tentar) fazer pensar. Para tudo o que é realmente importante na vida não existem soluções fáceis ou únicas, e, quando se trocam ideias todos saímos a ganhar.

 

Para assinalar um número “especial” impõe-se um tema especial. E, considerando o nome que escolhi para aqui assinar, é fácil perceber que o Iordanov é um “assunto” que me é mesmo muito caro!...

 

Porquê?

 

Há pessoas, atletas e não só, que ficam na História pelos números. Tomemos o exemplo Cristiano Ronaldo. Dentro de 200 anos que memória sua persistirá? Os campeonatos, as taças, as internacionalizações, os golos, as assistências, as Bolas de Ouro… Em resumo, a memória futura escreve-se com algarismos. Mas conseguirão os números contar a história do menino que deixou a família na Madeira e veio sozinho para Lisboa? Sente-se nos números o odor do suor que toda a sua carreira deixou nas camisolas de treino? Não.

 

Ivaylo Iordanov é mais um caso paradigmático da ditadura dos números. No Sporting Clube de Portugal venceu “apenas” 1 Campeonato, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça Cândido de Oliveira. Nunca foi quem teve mais assistências. Nunca foi o melhor marcador. Aliás, marcou sensivelmente os mesmos golos na sua carreira de Leão Rampante ao peito que o supramencionado Cristiano marca em “apenas” época e meia. Mas ainda hoje recordo com um sorriso escarno-condescendente o momento em que na final da Taça, frente ao Marítimo, pretendia assistir de cabeça Sá Pinto ao segundo poste e o cabeceamento saiu… para a baliza. Um dos 2 golos com que o Sporting resgatou o troféu, ambos marcados por ele. E eternamente recordarei, com sorriso comovido, o momento em que subiu à estátua do Marquês de Pombal para a ele confiar um cachecol do recém-Campeão. Ainda recentemente se mostrou disponível para repetir o gesto.

 

Nasceu a 22 de Abril de 1968 (sim, faz anos no sábado…). Chegou ao Sporting em 1991 pela mão de Sousa Cintra, era então treinador Marinho Peres, proveniente do Lokomotiv Gorna ao serviço do qual se tinha sagrado o melhor marcador na época anterior. Foi também 50 vezes internacional pela Bulgária, tendo sido um dos que ajudou ao honroso 4º lugar no Mundial de 1994.

 

No Sporting marcou 71 golos em 226 jogos oficiais. Ultrapassou a fasquia dos 10 golos em 3 épocas: logo na primeira, em 1994/95 e em 1998/99. Não se considere no entanto que fosse perdulário/ineficaz, pois é importante recordar que à data as equipas alinhavam normalmente com dupla atacante e, sendo Iordanov intrinsecamente um lutador, o habitual seria ele ganhar lances para outros converterem. Entre esses outros podemos mencionar Cadete, Juskowiak, Sá Pinto, Paulo Alves e Acosta. Dos que foram por si assinados, fica aqui uma pequena amostra:

 

 

Personifica na sua vida o ADN do Sporting: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. Não por acaso foi um Grande Capitão, apenas o segundo de nacionalidade não portuguesa na História do Sporting. Algumas fotografias de ex-atletas do Clube, pelo que representam, deveriam ter lugar de destaque em Alcochete, sendo a sua uma das obrigatórias! Já venceu um cancro. Já recuperou de um gravíssimo acidente de viação. Luta desde 1997 contra a esclerose múltipla, sendo que após a mesma lhe ter sido diagnosticada teve como segunda reacção dizer ao médico que o ajudasse a ir ao Mundial de 1998 e a ser campeão pelo Sporting. Foi ao Mundial. Como se viu atrás, a época 1998/99 foi uma em que apontou mais golos. E, finalmente, na época seguinte concretizou o sonho!

 

Retirou-se como jogador em 2000/01. Chegou a integrar a estrutura de futebol do Sporting como treinador-adjunto da equipa B. Disse recentemente que, se um dia “o telefone voltar a tocar”, volta sem pensar duas vezes. Lamentavelmente apenas teve o seu jogo de homenagem em 2010, por questões absurdas que nem vale a pena referir. Os símbolos serão sempre mais importantes do que meia dúzia de patacos…

 

Já este ano, um jornalista brasileiro, que já o tinha entrevistado 18 anos antes, deslocou-se a Sofia para fazer um follow up da entrevista original. Levava-lhe, para além de perguntas, mensagens de apoio de ex-colegas brasileiros com quem tinha jogado no Sporting.

 

Ainda esta semana, na excelente rúbrica #Sporting160, foi entrevistado e deixo aqui através da Bancada de Leão o programa completo e as suas notas.

 

São estes Homens que nos devem servir de exemplo, no desporto e na vida! São estes Heróis que merecem, sempre, ser recordados. Não pelos números… Pelo “suor”!

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Na passada sexta-feira, dia de “jackpot acumulado” em Portugal por ser feriado e recheado de sol, jogou-se ao final da tarde uma partida bem disputada entre os “verde e branco de Setúbal” e os “verde e branco de Portugal”.

 

Passados já três dias do jogo não me irei alongar muito no comentário de futebol propriamente dito.

 

Mais um bom ensaio para o derby, aproveitando Jorge Jesus para o derradeiro teste à condição física de Adrien Silva. Se nesse aspecto, aparentemente, está tudo bem, tendo até o capitão alinhado os 90 minutos, já na qualidade do futebol praticado nota-se estar ainda um bocadinho “perro”. Nada que a motivação de disputar um jogo contra o principal rival não resolva. É o que esperamos todos.

 

No resto dos jogadores elencados pelo treinador, registaram-se as saídas de Bryan Ruiz (para a já referida entrada de Adrien) e Podence (a ceder o lugar ao “dono” Gelson Martins). De resto mais nenhuma alteração. Há que elogiar esta continuidade neste momento da época, embora em uma ou outra posição se possa discutir a opção escolhida para essa continuidade.

 

Nota positiva para Bruno César, a mostrar mais uma vez que mais do que um jogo na mesma posição não pode fazer mal… E se a posição for a mais adequada às características do jogador… O mais provável é fazer bem.

 

Das opções desapareceu Francisco Geraldes. Deve ter sido castigo, e merecido! Afinal, quem o mandou jogar bem a semana passada frente ao Boavista?! O desplante do miúdo… Com toda a justiça alinhou pela Equipa B, estranhamente na posição que Jorge Jesus afirma que ele não tem características para actuar… Deve ter feito parte do castigo.

 

Na marcha do jogo esteve o Sporting a maior parte do tempo no comando das operações, nunca a comandar absolutamente mas sem grandes sobressaltos. Regista-se alguma sorte no primeiro golo marcado, pelo lance em si, e também no segundo golo pelo momento em que ocorreu. Nenhuma destas felicidades belisca a justiça da vitória Leonina.

 

Saindo finalmente do relvado, concentro-me agora no ambiente. Só tenho uma palavra: bravo!

 

Poderia pensar-se que o episódio ocorrido na Taça poderia prejudicar o ambiente deste jogo. Felizmente essa “suspeição” não passou disso mesmo. Assim deveria ser sempre o futebol.

 

Viajei para Setúbal com amigos, onde nos encontrámos com outros amigos que tinham aproveitado o dia de sol para um primeiro pisar dos grãos de areia nas magníficas praias da Arrábida. Para ponto de encontro da peregrinação, que teria obrigatoriamente de passar por uma esplanada, imperiais e choco frito, escolhemos local com o nome mais apropriado possível – o Leo do Choco Frito. Tudo bom: atendimento, qualidade, convívio entre amigos, entre adeptos de mesmo clube e entre adeptos de clube diferente.

 

No caminho até ao Estádio do Bonfim, no acesso ao interior do mesmo e já lá dentro a continuar o ambiente saudável de quem está ali para viver o futebol e apoiar o seu clube. De registar uma assistência bastante assinalável com todas as bancadas bem compostas, as duas centrais com mais adeptos do Vitória, a bancada sul completamente lotada com adeptos do Sporting e com uma diagonal preenchida de adeptos de ambos os clubes em saudável rivalidade.

 

Isto é o futebol! Ou pelo menos assim deveria ser sempre.

 

O futebol não é claques. O futebol não é cânticos insultuosos. O futebol não é comentadores e dirigentes. O futebol são as pessoas, as famílias, a divertirem-se e conviverem. O futebol é o apoio à nossa equipa, desejando e gritando a plenos pulmões que ela ganhe sempre! Mas com legitimidade e respeito por todos.

 

Estou a pedir muito?

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O Sporting conseguiu ontem uma vitória fácil frente ao Boavista, devido às facilidades concedidas pela defesa boavisteira, mas também pela facilidade com que Bas Dost introduz a bola na baliza. Esperava-se um confronto mais aguerrido, por esta ser uma característica intrínseca dos axadrezados, mas também por trazerem consigo uma boa sequência de jogos sem perder.

 

Na baliza verde e branca Rui Patrício limitou-se practicamente a assistir ao jogo, a tal ponto que poderia ter contado, com legitimidade, para o total de espectadores presentes em Alvalade.

 

Na defesa a repetir-se o último quarteto. Contra um ataque pouco acutilante não houve quaisquer consequências de uma ou outra desconcentração de Coates e Semedo, mais do segundo cuja forma actual parece chamar Paulo Oliveira de volta à titularidade. Schelotto no seu jeito meio trapalhão habitual, sempre voluntarioso a apoiar o ataque. Marvin surpreendentemente a jogar bem pelo segundo jogo consecutivo, a registar até alguns bons cortes.

 

No miolo uma imponente exibição de William, como que a hipnotizar adversários, colegas e público nas suas valsas em slow motion. Ao seu lado, pela última vez esperamos todos, Bryan a demonstrar mais uma vez a teimosia de Jorge Jesus em colocá-lo a "8", a falta de vigor físico para a posição e o descerto no passe curto foram sendo intercaladas com algumas boas aberturas na vertical.

 

Nas alas um bom aproveitamento da chamada por ambos, tanto de Bruno César como Podence. Se o primeiro tivesse mais rotina numa só posição e o segundo uma oportunidade logo no início da época, estaríamos agora provavelmente a colocar uma pressão mais próxima aos adversários.

 

No ataque o imperial Bas Dost a assinar um hat trick e a colar-se a Messi no topo da Europa! Alan Ruiz começa, felizmente, a habituar-nos também aos golos. Se continuar a evoluir, com foco na velocidade, poderá tornar-se um jogador apetecível noutros campeonatos – principalmente o italiano.

 

Do banco sairam Adrien, Campbell e Francisco Geraldes. Nota para o regresso do Capitão com grande aplauso colectivo em Alvalade, a demonstrar estar bem fisicamente mas com expectável falta de ritmo. "Só" lhe pedimos o "milagre" de o recuperar todo numa semana... Vá lá! Tu consegues! Nota igualmente para um bom conjunto de passes de Geraldes, a deixar um perfume de interrogação nos poucos minutos que esteve em campo: "Porque não jogou mais na ausência de Adrien...?!"...

 

Em resumo, apesar de uma ou outra escolha discutível, apesar de um ou outro desacerto, ficou um bom ensaio para o jogo contra o benfica. Nota-se que a sequência de bons resultados faz subir a confiança de todos e que as coisas saem melhor assim, com melhores jogadas e melhor entendimento. É também bastante notório o envolvimento de toda a equipa no projecto individual de Bas Dost e isso, claro, só pode trazer bons resultados também para o colectivo.

 

Esta boa sequência de resultados, apesar de nem sempre boas exibições, permite encarar o jogo com o rival com optimismo. Força Sporting!

 

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06
Abr17

O vício das queixinhas

por Krassimir

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Após a saída de Jorge Jesus do Benfica e a sua confirmação como treinador do Sporting, o Benfica interpôs um processo a Jorge Jesus, reclamando uma indemnização de 14 milhões de euros, a qual representaria um euro por cada benfiquista (contabilidade em que devem entrar os nascidos, já falecidos e os que ainda estão por nascer…).

Todos nos recordamos de na época passada o Sporting ter vivido uma parte significativa dos jogos sob o espectro do castigo a Slimani, depois deste ter dado uma cotovelada a Samaris, numa partida com o Benfica, falta que não foi sancionada durante o jogo por Jorge Sousa. Muito se discutiu, primeiro se existia moldura para castigo ou sumaríssimo e depois qual seria o castigo a aplicar, após o Benfica ter feito queixa do Sporting.

Além disso, o clube rival fez também queixa de Bruno de Carvalho, por afirmações suas sobre Vítor Pereira em que dava a entender que este não era imparcial na sua actuação como presidente da APAF, facto que viria a resultar no castigo recente aplicado ao presidente do Sporting de 113 dias de suspensão.

Houve ainda uma outra queixa contra o Sporting, sobre Gauld e Geraldes e a sua saída do Vitória de Setúbal nesta época, num processo nada dignificante para o nosso clube e ainda hoje por explicar, denunciando a quebra de regulamento por parte do emblema de Alvalade, com base no ponto 5, do artigo 78.º, que no fundo impediria o termo do contrato de cedência.

Como se compreende, nos dois últimos casos, o Benfica nem sequer era parte directamente envolvida e mesmo assim decidiu fazer queixas do Sporting. Sem dúvida que isto coloca em causa a tese que é advogada pelos comentadores e paineleiros benfiquistas de que não se preocupam com o Sporting e que o Benfica tem uma postura pacificadora e que não provoca ninguém.

E perante isto o que fez o Sporting?

Além de dedicar grande parte da sua Comunicação e intervenções do seu presidente a falar do Benfica, respondeu à queixa contra Slimani, identificando cinco agressões dos jogadores encarnados sobre os seus jogadores e invocando ainda um empurrão de Jardel a Raul José.

Foram também elaboradas queixas sobre o caso dos vouchers que chegaram inclusive à UEFA.

Em Dezembro de 2015 fez queixa na Liga contra Rui Gomes da Silva, na altura elemento da direção do Benfica, Rui Costa, administrador da Benfica SAD, João Gabriel, então director de comunicação do Benfica e Benfica SAD, e Pedro Guerra pelas declarações que foram fazendo.

Mais recentemente, em fevereiro de 2017, foi feita queixa contra Rui Vitória devido à sua presença na flash interview da RTP, após a derrota com o Moreirense na final da Taça da Liga, depois de ter sido expulso já após o apito final.

E por fim, surgem agora sete queixas contra o rival, já depois da suspensão de BdC, no que parece ser uma resposta a esse castigo, envolvendo: 1) Agressão de Jonas a Nuno Espirito Santo, 2) Processo contra Samaris por agressão a Alex Telles, 3) Queixa contra Rui Vitória por palavras na Conferência de Imprensa, 4) Queixa contra Domingos Almeida Lima (nº2 do Benfica) por declarações no dia 23 Março em Abrantes, 5- Contra Luis Bernardo (director de comunicação) por causa do comunicado da gala das quinas de ouro, 6) Contra o Benfica por declarações antes dos jogos, 7) Queixa no IPDJ por causa do apoio do Benfica às claques não oficiais.

Não pretendendo que esta lista seja exaustiva, pois ainda existiram mais queixas, dá bem para entender ao estado de insensatez a que se chegou e talvez se comece a perceber a crispação que se vive actualmente no desporto em Portugal e em particular no futebol, que se calhar só irá parar ou atenuar-se quando ocorrer alguma tragédia. Só que normalmente nestes casos são os adeptos que sofrem a irresponsabilidade dos dirigentes, que acabam por assobiar para o ar enquanto vão imitando o imperador Nero, vendo Roma a arder, depois de a terem incendiado.

É tempo de dizer basta! Não vamos a lado nenhum desta forma. Obviamente que não há inocentes, mas começa a ser gritante a loucura de todos.

E naquilo que mais nos preocupa e nos envolve directamente, há uma grande falta de coerência. Como podemos ter um presidente que acusa o rival de querer ganhar o campeonato das queixinhas e depois produz sete queixas contra o Benfica ou elementos ligados a esse clube, ainda por cima envolvendo casos que ocorrem num jogo com o Porto, que não nos diz respeito e cobrindo situações que este clube nem sequer entendeu usar da mesma forma? O Porto, que é um clube grande, poderoso e com recursos, precisa que o Sporting seja seu advogado de defesa? Claro, que o que se pretende é atingir o Benfica, mas vale tudo para isso, incluindo a perda da nossa identidade e colarem-nos ao Porto e aos seus interesses?

E que vamos ganhar com isto? Esperamos que Jonas e Samaris sejam castigados e não joguem contra nós? A sério? Mas alguma vez a decisão seria dessa forma ou mesmo com a rapidez necessária para que isso acontecesse?

Claro que há adeptos que exultam com isto e vêm com a máxima de “olho por olho, dente por dente”. Pois, se calhar o resultado disto é ficarmos todos cegos e desdentados… e o pobre futebol português lá vai cada vez mais perdendo competitividade e prestígio.

Queremos ser diferentes e contribuir para a elevação ou achamos que temos de jogar ainda mais baixo do que o rival? Queremos ser selectivos, atacar de forma inteligente e vibrando golpes certeiros, salvaguardando os nossos valores e a nossa diferença ou o que interessa é disparar para todos os lados, desvalorizando o peso da nossa palavra e das nossas acções? Queremos ser os espalha-brasas do futebol nacional, ou pretendemos dar um bofetada de luva branca nos rivais deixando-os sozinhos na lama e atacando-os de uma forma bem mais eficaz?

E por fim… onde nos tem levado esta guerra feita de forma cega e sem estratégia de fundo, sem que se arranjem aliados que nos possam suportar e sem consolidar o clube e a sua voz no desporto? Será este o caminho? Ou pretende-se apenas desviar as atenções daquilo que verdadeiramente interessa, que é a competitividade da nossa equipa, a constituição do plantel e a forma como se vai preparar a próxima época, enquanto continuamos alegremente a coleccionar derrotas dentro e fora do terreno de jogo?

 

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04
Abr17

Money talks...

por Ivaylo

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A Sporting Clube de Portugal Futebol SAD tem actualmente na sua estrutura accionista a empresa Holdimo Participações e Investimentos SA. Segundo comunicado de 15 de Dezembro de 2016 detém 20 milhões de acções que correspondem a 29,85% do capital social da SAD leonina. No mesmo comunicado é também informado que a Holdimo é detida em 99% por Álvaro Sobrinho.

 

Álvaro Sobrinho foi o CEO do BES Angola durante uma década, tendo sido nesse contexto ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES, onde se fez acompanhar pelo seu advogado Rogério Alves. Recorde-se que, para além das operações menos transparentes entre o GES e o BES, o BESA teve um papel bastante relevante na resolução do Banco português devido a créditos concedidos sem garantias nem a adequada avaliação do risco dos mesmos. Para além da resolução do BES (lamentavelmente conhecida de todos nós) também o BESA foi liquidado e absorvido pelo Estado Angolano.

 

Em 2015, na sequência de requerimento apresentado por um deputado do PSD, a CMVM abre investigação aos investimentos de Álvaro Sobrinho em Portugal e na Sporting SAD em particular. Sobrinho defende-se afirmando que a sua participação na SAD verde e branca não resulta de entrada directa de dinheiro, mas sim da conversão de uma dívida de 20M€ em capital social. Será naturalmente legítimo questionar se essa dívida não terá resultado de financiamento que implicou a negada entrada de dinheiro...

 

Já em 2017 é notícia que o Ministério Público pretende arrestar bens ao empresário angolano por suspeitas de desvio de 500M$ do BESA para contas em Portugal e na Suiça. É também investigado nas Ilhas Maurícias devido à alegada criação de uma Fundação para fins menos transparentes, nomeadamente a aquisição de automóveis de luxo para oferecer a políticos do país em questão. Ontem é notícia que, na sequência da mesma suspeita de fraude de 500M$, as autoridades suíças ordenaram o congelamento de 159M$ em contas tutelados por Sobrinho ou familiares seus.

 

Cabe às Autoridades Financeiras/Judiciais dos respectivos países a conclusão destas investigações para apuramento de toda a verdade. Aos Sportinguistas cabe a preocupação com o futuro da SAD do seu Clube…

 

Caso venha a ser provado que a posição accionista de Álvaro Sobrinho na Sporting SAD foi concretizada com verbas desviadas do BESA, e por inerência do BES, provavelmente as acções serão executadas e vendidas ao melhor preço para ressarcir os defraudados com a falência do BES. Se juntarmos a isto que a Instituição que “saiu” da resolução do BES – Novo Banco – acaba de ser vendida a um fundo de investimento norte-americano – Lone Star – que estará pouca interessada na manutenção de investimentos não core, e, se considerarmos que o outro maior credor do Sporting – BCP – tem actualmente uma Instituição Chinesa – Fosun – como maior accionista e que verá também o futebol como um investimento não apetecível, e se recordarmos que o Novo Banco e o BCP podem vir a tornar-se accionistas da Sporting SAD se até 2026 não forem reunidos 99M€ para a recompra dos VMOCs… Temos alguns motivos para estar preocupados.

 

Concluindo, à data de hoje conhecemos os accionistas da SAD, em 2026 esses accionistas poderão ser X, Y ou Z. Hoje o Clube detém a maioria da SAD, em 2026 tal poderá deixar de acontecer, e, se essa maioria accionista pertencer a X,Y ou Z nada garante que sejam os interesses do Clube a estar na primeira linha das decisões tomadas. Cabe à actual Direcção tomar um rumo financeiro o mais controlado possível para evitar esses cenários, mas se o rumo for o desta época temos motivos acrescidos para estarmos preocupados.

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