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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre
Desde há bastante tempo que, nas modalidades desportivas que são organizadas e practicadas a título profissional, os responsáveis directivos das mesmas devem obedecer a princípios de gestão, também eles profissionais, e a tratar um clube como se de outra qualquer empresa se tratasse.
Um gestor, com capacidade e responsável, deverá saber adequar as suas estratégias e decisões ao meio no qual o clube que dirige está inserido. Falando de futebol, não fará grande sentido comparar a gestão de clubes como o Bayern, Arsenal, Barcelona, Sporting, Ajax ou o Cluj. E assim é, em primeiro lugar, por estes clubes pertencerem a países com realidades bastante diferentes.
Se na Alemanha, um país que é a primeira economia da zona euro e que tem uma população de cerca de 82 milhões de habitantes, é possível ter clubes com estádios sempre cheios, elevadas receitas secundárias como mershandising e publicidade e um "fulgor" que permite alguma autonomia financeira aos clubes, já na Roménia, cuja população é 25% da alemã e o PIB per capita 40%, para um clube sonhar em ganhar uma Champions Cup só mesmo nos idos tempos do Steua em 1986.
Que dizer então de Portugal, que embora tenha o dobro do PIB per capita romeno, tem metade da população? Assim sendo, logo à partida terá menos sócios, menos adeptos, menos adeptos potenciais, menos receitas publicitárias (por o seu valor estar indexado a uma população menor), etc. Um clube em Portugal, não tendo a possibilidade de alavancar a sua Tesouraria com enormes receitas de publicidade e direitos televisivos nunca poderá competir a nível de custos com outros como Arsenal ou Barcelona que as têm. Como tal, e ainda que o Sporting tenha projecção mundial, para um clube em Portugal as receitas extraordinárias da Liga dos campeões são fundamentais, e em alguns anos eventualmente representem quase a totalidade do orçamento do clube.
Considerando o carácter, por um lado extraordinário, por outro extremamente competitivo, da Liga dos Campeões, não se poderá numa estratégia de médio/longo prazo contar "com o ovo no cú da galinha". Com o que se pode então contar? O que resta à nossa "economia futebolística"? Como qualquer outra empresa portuguesa na actualidade: apostar na criação de valor e exportá-lo – formação de atletas.
benfica e porto, na última década acharam que poderiam escapar a esse paradigma. Orçamentos, contratações, vencimentos, prémios, ..., milionários para a realidade portuguesa! O benfica no início da época passada decide começar a inverter essa estratégia ao dispensar Jorge Jesus e contratar um treinador mais vocacionado para a aposta na formação, como já tinha feito no Vitória de Guimarães. O porto, no início desta ao apresentar resultados, decreta a mesma inversão como obrigatória, caso contrário o clube entraria em colapso financeiro no curto prazo. Embora o benfica não o tenha assumido dessa forma, todos sabemos que os motivos são os mesmos.
O Sporting, que desde há longos e longos anos aposta na formação, e ainda bem pois grandes jogadores deu à Selecção e ao Mundo, vê nos últimos dois anos, com a entrada de Jorge Jesus e a total volta de 180º na política de contratações de Bruno Carvalho, a sua estratégia mudar na direcção que os rivais abandonam. E abandonam porque já sentiram que não é executável num clube em Portugal. E não é executável, porque basta um sorteio ou uma arbitragem mais defavorável para colocar em jogo a única receita que pode suportar essa estratégia – receitas da Liga dos Campeões.
Fará sentido criticar de forma tão assídua os rivais, umas justificadas outras bastante evitáveis, e ir depois imitar uma estratégia que os mesmos já nos fizeram o favor de demosntrar que não dá bons frutos? Para depois, como eles, percebermos que afinal a aposta é a formação...?
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