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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre
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Depois de um primeiro contributo de um leitor, ficamos muito honrados e agradecidos com nova participação do Rui. Mais uma vez, pela pertinência e qualidade da mensagem achamos que merece ser lida por todos.
«Mas o Sporting somos nós!
Isto não é ser líder. Isto não é querer servir o clube. Isto é estar dependente do SCP. Um líder coloca-se à disposição dos seus. Assume erros. Assume derrotas. Assume insucessos. Permite vozes discordantes. Permite críticas. Costumo dizer que devemos ser brutalmente críticos uns com os outros. Devemos ser honestos. Só assim podemos aprender com as críticas e opiniões de outros. Não gosto de "Yes Men". Gosto de boas discussões. Muitas vezes acesas. Da discussão nascem novas ideias, novos caminhos, novos rumos. Não o rumo que não é certo. Deixemo-nos de hipocrisias.
Isto é tudo o que não deve ser um presidente de uma instituição como o SCP. Este deve ser desprendido de cargos. Deve orgulhar-se de servir não pelo vencimento. O que não significa que não tenha. Claro que tem de ter. Claro que deve ser adequado às funções que exerce que são de grande responsabilidade. Claro que tem de ser alto. Já não digo tão alto como um funcionário. Mas quem manda no clube? Um seu funcionário?
Não pelo estatuto, não pelo lugar, não pela honra, não por sentimentos egoístas mas por sentimento de altruísmo pelo clube. Colocar o clube acima dos seus próprios interesses. Por muito alto e confortável que seja o vencimento. Por muito bom, cómodo, mediático, popular e gratificante que seja este lugar. Por muito satisfatório que seja o emprego. Por muitas dificuldades que tenha em encontrar outro.
O presidente do SCP coloca-se como imprescindível ao clube. O clube seria muito pequeno se dependesse apenas de uma pessoa. Tamanha falácia a de salvador do clube. Um clube como o Sporting não depende de ninguém, nunca dependeu só de um, depende de todos, de todos os sócios e adeptos, de crianças, adultos e idosos, de mulheres, de jovens, de betinhos ou menos, de fanáticos ou menos, de facciosos ou menos facciosos, de populares ou menos, de elitistas ou menos, de croquetes, roquetes ou de Zés dos Tachos. Mas dos que forem bons, competentes. Dos que servirem o clube. Não dos que se sirvam deste.
«Dão cabo de mim?» Quem? Todos queremos o bem do SCP. Ninguém lhe quer mal.
O SCP não depende do seu presidente, Sr. Presidente. Depende de uma equipa. Depende de todos. Nós todos. Queremos o seu bem quando o bem for o nosso Sporting. E se não estiver bem não significa que lhe queiramos mal. Não é vítima. É um de nós. Também sofremos, também temos família, também temos filhos, também queremos vencer. Também gostávamos de ter bons empregos com o seu vencimento. Também hipotecamos todas as possibilidades de ter empregos melhores em discussões parvas e irracionais em blogues estúpidos. Todos. Não mais uns do que outros. Pelo nosso Sporting e sem vencimento discutimos e damos o corpo às balas contra pessoas sem rosto. Porque não dar o rosto? Porque se escondem?
Também o presidente pode ser emocional sim. Não irracional. Pode cometer erros. Mas não tantos. Como este. Porque também tem um vencimento, porque tem essa responsabilidade. Não todos os outros como nós. Pode simplesmente servir, tentar unir o que está partido há muito, tentar galvanizar, tentar inspirar, tentar ser exemplo. Onde está o exemplo?
Um líder não se assume como tal. Um líder só o é se os seus seguidores o disserem que é. Se for reconhecido por estes como tal. Pode ser presidente sim. Pode ser a figura máxima do clube sim. Não o seu líder.
O Sporting somos nós. Não é só o seu presidente. Não será outro presidente. Qualquer que seja. Muito bom ou excelente. O Sporting somos todos juntos. O Sporting é eterno. O Sporting está primeiro do que eles.
O Sporting somos todos nós.
E o Sporting não vai cair.
Quem for que caia.»
Rui Franco
Seguindo o que os meus colegas escribas já fizeram para outras áreas do programa, segue uma análise de cada ponto do programa de Pedro Madeira Rodrigues relativo aos sócios. Para evitar redundâncias (num ponto onde estas abundam), devo começar por ressalvar que quase todas as medidas propostas pecam por ser excessivamente esquemáticas e carecem (desesperadamente) de um maior aprofundamento. Não se entende como tal ainda não foi feito. Só que isto seriam conversas para outras núpcias… Por outro lado, fruto desta falta de informação, por ora não vejo que mais vantagens me traria a associação ao Clube (descontos, promoções, facilidades, etc).
Cumpre também dizer que, não obstante as discrepâncias entre o número actual de sócios de que se ufana a Direcção de Bruno de Carvalho e os efectivamente pagantes, se trabalhou bastante bem neste aspecto ao longo deste mandato, com iniciativas como o Sócio num Minuto ou o Regresso num Minuto.
O problema central que identifico neste ponto, para lá da redundância e da falta de informação, é a confusão tremenda que existe entre a política de núcleos, a relação com os associados e a expansão da Marca. Tem de se fazer uma separação clara. Tem de se saber que profissionais de prestígio assumiriam a condução destas pastas, tão vitais à manutenção do Clube. Em suma, informação precisa-se!
PS: Existindo um Núcleo de Sportinguistas da Califórnia (foto infra), de que se está à espera para trabalhar seriamente esta vertente?

Ontem, em Moreira de Cónegos, viveu-se mais um final de tarde em que os Sportinguistas tiveram a oportunidade de experimentar forte adrenalina. Há quem tenha de recorrer a Queda Livre ou Bungee Jumping, a nós basta-nos assistir a um jogo de futebol da nossa equipa.
Nota-se que a equipa se está a “acomodar” a dois factores, que têm a mesma origem, a redução drástica de objectivos na época em curso e as mexidas na composição do plantel no mês de Janeiro. A origem salta à vista, o péssimo planeamento de um plantel que se pretendia altamente competitivo e se tornou, em vez disso, altamente lesivo… das aspirações dos Sportinguistas.
O principal foco dos erros cometidos em Agosto, estranhamente, não teve qualquer correcção em Janeiro. Continuo a interrogar-me como é possível ter-se achado que Marvin e Jefferson “dariam conta do recado”. Continuo a interrogar-me como é possível continuar a “queimar” Bruno César, que poderia ser extremamente útil mais à frente.
A acrescer aos erros evitáveis, junta-se agora alguma quebra de rendimento de alguns atletas. Poderá pensar-se que será uma quebra natural, relacionada com demasiados minutos, mas uma observação mais rigorosa evidencia que cada caso tem a sua especificidade. Patrício tem revelado alguma falta de motivação e concentração que já faz parecer que o Europeu foi há uma eternidade, sendo GR não fará grande sentido falar-se em desgaste. Rúben Semedo, aparentemente, tem dificuldade em manter a concentração quando o adversário é mais acessível. William, sim, tem excesso de minutos nas pernas. Bryan, na minha opinião, será um jogador a gerir como no passado se fez com Pedro Barbosa, ou seja, tentar aproveitar da melhor forma a sua classe enquanto as pernas respondem. Todos estes casos têm causas distintas, mas todos têm a mesma solução. Respectivamente: Beto, Paulo Oliveira, Palhinha e Podence (enquanto Campbell não regressa). Fazem parte do plantel, são opções válidas, nada mais natural que um jogador que esteja em menor momento de forma dê o lugar (nem que por um jogo apenas) a outro que também se esforça nos treinos e também tem qualidade.
Termino com os destaques positivos. Adrien, o motor, a raça, o Capitão. Alan Ruiz parece finalmente ter encarrilhado e vai confirmando que, pelas suas características, é a melhor opção para o lugar nas costas de Dost, sobretudo pela facilidade de remate e deambulações imprevisíveis. Bas Dost… que avançado! Citando Rogério Casanova do Expresso: «Proponho desde já que se pegue em metade do orçamento disponível para contratações no Verão e se entregue metade ao Wolfsburgo, como sinal de agradecimento.».

No seu programa eleitoral, Pedro Madeira Rodrigues estabeleceu alguns objectivos para o futebol e formação, que iremos discutir em seguida.
1) Nova estrutura para o futebol, “aproveitando as melhores práticas mundiais”.
A estrutura do futebol no Sporting é algo que claramente não foi devidamente construído neste mandato que agora está a terminar. Uma estrutura implica em primeiro lugar pessoas competentes e a quem são atribuídas tarefas específicas, boa comunicação e interligação entre as funções realizadas, uma cadeia de comando e responsabilidades devidamente estabelecidas. E obviamente que não é preciso reinventar a roda. O que aconteceu no Sporting neste mandato, foi um primeiro ano equilibrado, com contratações acessíveis e ainda assim com aproveitamento, também potenciadas por um treinador que claramente gosta de trabalhar com jovens e de os fazer evoluir – Leonardo Jardim. Depois passou-se para um formato com Marco Silva, em que este não era responsável em nenhum grau pelas contratações e que tinha de fazer render a equipa com o que Inácio e Bruno de Carvalho tinham escolhido. E finalmente, temos o treinador-estrutura (Jorge Jesus), que decide tudo, não apenas os jogadores a contratar, mas até os elementos da estrutura a escolher (!) como foi o caso de Octávio Machado. Ora este modelo nunca poderá resultar (como dolorosamente estamos a ver) e claramente nunca sobreviveria à saída do treinador. Portanto, tem de se apostar num scouting competente, orientado para posições mal servidas ou para dar alternativas ao plantel, incluindo o mercado nacional e internacional, um treinador que aposte nos jovens, primordial num clube formador por excelência como o nosso, num bom diretor desportivo que saiba fazer a articulação entre a Direcção e o treinador e tenha experiência no meio (a hipótese André Geraldes, elemento próximo do presidente, que foi sugerida para o lugar é simplesmente ridícula) e finalmente uma Comunicação eficiente que proteja os jogadores e o treinador dos ataques ou desestabilizações que possam ocorrer. Portanto há muito para fazer e aqui PMR terá necessariamente de ser mais específico no que entende fazer, porque se a intenção de aproveitar as melhores práticas mundiais é boa, acaba por ser vaga se não se especificarem outros detalhes.
2) Rigor nas contratações, “com base num departamento de prospecção que inclui metodologias que acrescentem maior certeza nas avaliações, ao mesmo tempo que prevê a normalização “da relação com os agentes desportivos”.
Tal como referido no ponto anterior, o maior rigor e eficácia das contratações é essencial. Não de pode entrar na loucura de contratar mais de 120 jogadores e depois aproveitar menos de 10%. Mesmo que depois sejam vendidos por valor semelhante ao da aquisição, acaba por se ter prejuízo quer nos ordenados que se têm de pagar, quer no atraso no desenvolvimento de jovens que já existam no plantel. As contratações deste mandato foram na grande maioria, desastrosas. Aqui apenas se continuou o que já é habitual no Sporting, que é o de contratarmos pior que os rivais. É uma das razões do nosso insucesso. Portanto tem de se melhorar o scouting, incluindo no mercado nacional e internacional
e depois articulá-lo com o treinador, em função das carências identificadas para a equipa. Como se vai fazer? Aguardamos também aqui mais detalhes. Em primeiro lugar, tendo gente competente e conhecedora do meio. E não esquecer que o scouting também trabalha em relação estreita com os empresários. Neste aspeto em particular, entra a “normalização com os agentes desportivos” referida por PMR... O Sporting não pode estar de costas voltadas para a maioria dos empresários. Neste mandato, criaram-se incompatibilidades com vários deles. Isto dificulta bastante quer na contratação, quer na colocação de atletas que pretendamos vender ou dispensar. Claro, que terão de ser empresários que estejam dispostos a trabalhar com o Sporting numa base de sinergias e benefícios mútuos.
3) Contratos com forte “componente de objetivos” de forma a fomentar a “cultura de vitória e de exigência”.
É uma norma da mais elementar lógica e bom senso. Até se pode pagar um salário generoso, dentro da razoabilidade, a um treinador e aos jogadores, mas os prémios, com base nos resultados/conquistas finais e não por ganhar mais derbies ou praticar bom futebol, têm de ser um aliciante para que se conquistem os troféus. No caso do treinador atual, Jorge Jesus, o salário base é já tremendamente elevado e não estará prevista a possibilidade de o dispensar se os resultados forem maus, como se teme esta época. Isso foi feito e bem com Marco Silva, mas não com este treinador. Por isso mesmo é tão difícil dispensá-lo, embora se coloque o ónus neste candidato, que já afirmou não contar com ele em caso de sair vencedor. É uma opção arriscada e que terá de contar com coerência e anuência do treinador, mas menos compreensível é termos de pagar 20 milhões de euros (!) de indemnização se o treinador sair.
4) Limite de 23 jogadores no plantel principal.
Parece um número razoável, para permitir uma competição saudável pela titularidade e ao mesmo tempo enfrentar uma época em várias competições. Aliás Bruno de Carvalho também prometeu isso nas anteriores eleições enquanto candidato e temos 28-29 jogadores a evoluir no plantel principal... uma despesa excessiva e gerando desmotivação em quem não joga repetidamente.
5) Equipa B como plataforma de transição.
A equipa B actual do Sporting é uma desilusão. Não apenas pela classificação, em que corremos o sério risco de descida, mas sobretudo pela filosofia que se utilizou para compor o seu plantel. No início e bem, era uma forma de os jovens talentosos dos nossos escalões de formação continuarem a evoluir e competir com regularidade. Agora encontra-se completamente descaracterizada, com jogadores na sua maioria estrangeiros de muito duvidosa qualidade e em que poucos poderão alguma vez jogar na equipa principal. E os resultados estão à vista. Também será importante que os jovens não sejam retidos mais que duas épocas na equipa B. Ou passam para a principal, ou são emprestados a outros clubes, ou simplesmente dispensados. Portanto se quando se refere plataforma de transição, corresponde a este entendimento, estaremos no caminho certo. Mais uma vez, convém ser mais específico sobre o que se pretende.
6) Redimensionar a prospecção na formação, aproveitando as Escolas Academia Sporting.
Num clube que se orgulha justamente da sua formação, dos campeões que tem produzido, de ter 2 melhores jogadores do Mundo, é importante continuar a atrair os melhores talentos. Aí e infelizmente, os rivais ganharam também terreno. O Sporting tem sido reconhecido como o clube que dá mais oportunidades aos jovens de um dia virem a actuar na sua equipa principal – por isso é importante que tal não seja alterado, como agora se começa a temer – e isso funciona como atractivo para os jovens tentarem a sua oportunidade no nosso clube. Aproveitar as Escolas Academia Sporting parece uma boa ideia, mas tem de ir um pouco mais além, estando atento aos valores que vão despontando em outras equipas nos campeonatos mais jovens.
7) Modelo de treino transversal aos escalões de formação, “de forma a dar identidade permanente ao futebol jovem do clube”.
Faz todo o sentido que isso seja tentado e depois se possível tentar harmonizar esse modelo com a equipa principal. Tal fará mais sentido, se se conseguir fixar um treinador por algumas épocas e sobretudo se este estiver identificado com a filosofia do clube. Infelizmente, a prática tem provado que este objectivo não é fácil de cumprir, nomeadamente quando se tenta também estender à equipa B e principal. Mas pelo menos nos escalões mais jovens é viável e positivo.
8) Impor a utilização do equipamento principal tradicional "e travar a banalização e excessiva secundarização do equipamento Stromp, com utilização apenas em ocasiões relevantes".
Neste caso, trata-se de uma medida que não tem a relevância de várias das anteriores, mas que se entende pelo simbolismo do equipamento Stromp. Ainda assim, é um equipamento de que os adeptos gostam e que é sempre bem aceite quando utilizado. Poderão definir-se melhor as ocasiões em que deve ser escolhido, mas neste particular não parece que tenha sido banalizado durante o actual mandato.
Este foi o balanço possível das medidas e intenções do candidato PMR nesta área tão importante para os sportinguistas como é o futebol e formação, mas em que os títulos e vitórias continuam arredios. Deseja-se que o candidato possa entrar em mais detalhes com o evoluir da campanha, para que os sócios possam saber de que forma irá implementar algumas das medidas enunciadas.
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Tivémos ontem, através do Facebook, uma participação de um leitor que merece ser partilhada aqui. Obrigado caro Rui! A participação é um factor muito importante em Democracia.
«Confesso que não conheço na totalidade a história do nosso grande clube.
Uma história com 110 anos é uma grande história. São muitas as pessoas e os factos que fizeram deste nosso clube o que é hoje (o que foi?).
Há muito que não vivia um período como este. Um período de revolta, de ódio, também de culpa, de responsabilidade. Também de esperança. Muita esperança.
Sentimento de culpa por não ter acompanhado com maior proximidade ao longo dos anos a vida do clube que tive a honra e orgulho de representar, ainda adolescente, em 2 dos anos mais felizes da minha vida. Mas não sou mais do que outros adeptos ou sócios. Sou um deles.
Adepto fervoroso e entusiasta sempre (ou quase sempre). Também crítico. Nunca afastado.
"Quase sempre entusiasta". A excepção: o período "pós" Marco Silva.
Desde que fomos receber a equipa após a vitória no Amor não mais voltei a Alvalade com os meus filhos. Culpa, remorsos por não lhes proporcionar momentos de convívio em família juntos dos nossos. De um dos nossos grandes amores.
Mas não consigo separar as águas. Sou humano. Estou ferido. Não sou perfeito. Não posso com aquelas figuras. Desculpem. Não tenho memória curta do que fizeram e disseram ambos no passado. Nunca me identifiquei com Jorge Jesus e Bruno de Carvalho perdeu toda consideração e beneficio de duvida quando tomou uma decisão que, tal como José Manuel Delgado escreveu, terá sido das mais "lamentáveis, indignas, ingratas e injustas que tenho memória no mundo do futebol".
Mas não foi só Marco Silva. Quem nos dera que tivesse sido só. Tanta coisa. Tanta merda, desculpem. Tantos disparates.
A falácia. Não falem de bancarrota ou de falência. Do Salvador do clube. A maior falácia que ouço e que precisa de ser rapidamente desmistificada. Não conheço, na história do futebol mundial, um clube que, com mais de 100 anos, tenha deixado de existir. Posso estar errado. Mas digam-me um. Apenas um. Que tenha fechado portas.
O SCP é demasiado grande para deixar de existir. Estava em graves dificuldades financeiras? Sim. Estava. Muitos erros de direcções anteriores. Sim bastantes. Mérito do actual presidente nesse período? Sim. Muito. É reconhecido. Até pela oposição.
Neste momento invade-me uma esperança que me incentiva a conhecer melhor a história do nosso clube.
O Sporting não pode ser só isto. Godinho Lopes cometeu erros graves. Sim. Mas julgar todo um passado pelo que fez a anterior direcção é ignorar a contribuição de pessoas menos ou mais ilustres que contribuíram ao longo de mais de 110 anos para que o Sporting chegasse ao patamar que chegou.
Ao pegar nessa história, tão rica em factos, deparo-me com um Carneiro. O Sporting foi fundado sem nome. Alberto Lamarrão e Carlos Carneiro sugeriram a palavra Sporting a José Alvalade que a aceitou.
Confesso que desconheço o porquê do impropério Carneiro. Ingenuidade minha? Mas identifico-me com ele. Por esta história.
Quero mais do Sporting. O Sporting não pode ser só isto. O Sporting não pode ser apenas os os discursos e retórica dos Dolbeth e Pinas. Não estes os exemplos e modelos de pessoas que quero para os meus filhos.
Quero gente séria. Quero gente com garra, com princípios, com dignidade para representar um clube como o SCP, quero gente que contribua positivamente para o desporto e o futebol sem o desprestigiar o que não significa que não defenda o clube com intransigência. O que também pode ser feito com elevação ou com murros na mesa sem ser corriqueiro e brejeiro.
A vida, o Desporto, o Futebol não são guerras.
Por fim quero vitórias. Não as morais. Não aquelas que são derrotas por árbitros, culpa de rivais ou pelo desgraçado do Palhinha.
Vitórias sem dignidade? Prefiro perder. Por muitos. Prefiro ser pobre. Prefiro ser humilde.
Prefiro ser digno do nome que o Carneiro sugeriu e do qual me orgulhei sempre. Não agora.
Quero mais.
Mais do que isto»
Rui Franco
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Continuando a análise do programa de Pedro Madeira Rodrigues, após termos abordado Liderança e Valores, Finanças e Marketing e Comunicação, chega agora a vez de olhar para as propostas na área de Universo Desportivo.
1. Garantir uma maior participação institucional activa do Sporting nos principais orgãos de decisão do desporto em Portugal.
Fundamental! Imperativo! O Sporting Clube de Portugal está há décadas afastado dos lugares de decisão, no futebol pelo menos. Federação Portuguesa de Futebol e Liga de Clubes. Poderemos também considerar o Conselho de Arbitragem e o Conselho de Disciplina, no entanto estes são eleitos no seio das anteriores, além que são orgãos dos quais os clubes devem manter alguma "distância".
Já assistimos no mandato de n presidentes do Sporting, há décadas, a dois factos ocorrerem com alguma frequência. O Sporting é prejudicado pelas arbitragens, primeiro facto. O Sporting limita-se à "queixa mediática" e algumas acções de protesto inócuas, o outro facto. Saúda-se a intenção de mudar este status quo! Fernando Gomes estará para durar na FPF, mas é obrigatório o Sporting apresentar uma lista própria à Liga. Rogério Alves, estando disponível, seria uma excelente escolha.
2. Marcar a agenda do desportivismo em Portugal, defendendo sempre os interesses do Sporting, estabelecendo pontes em assuntos comuns, mas sem fazer alianças de qualquer espécie.
Para garantir uma candidatura forte à Liga é de extrema importância estabelecer pontes com outros clubes. Concordo com a questão de não fazer alianças, mas apenas em relação aos rivais históricos. O Sporting dificilmente saíria prejudicado de uma aliaça com um clube que tem objectivos competitivos menos ambiciosos. Poderiam essas alianças ser úteis até noutros aspectos, como a colocação de atletas por empréstimo. Para além disto, limito-me a citar Madre Teresa de Calcutá.
3. Promover a exposição e militância de sportinguistas mais influentes na nossa sociedade, através da partilha transparente de informação e permante networking.
Aqui, basicamente, Madeira Rodrigues propõe a criação de um "lobby Sporting". Absolutamente nada contra, desde que se respeite o princípio de transparência. De salientar que os lobbys têm uma visão menos positiva em Portugal sobretudo pela sua não regulação. Nos Estados Unidos são legais e regulamentados e encarados como normais.
4. Promover a cultura sportinguista com o programa "Sporting nas escolas" liderado pela Fundação Sporting / Leões de Portugal, com a participação de embaixadores do nosso clube que visitarão escolas de todo o país (envolvendo núcleos, delegações e filiais) para passar o conhecimento do clube e dos valores de desportivismo.
Uma boa ideia. Pela base da mesma, fomentar a cultura do Sporting, mas também pela oportunidade de reforço de interacção entre a "cabeça" (Clube) e os "braços" (Núcleos). Além de que... a criança feliz de hoje poderá ser o sócio de amanhã.
5. Criar condições para a melhoria da competitividade do futebol Português, procurando propor alterações dos quadros fiscais em que os clubes e atletas se inserem, junto das entidades competetentes e exercendo as influências legítimas para que as mesmas se tornem realidade. Propor alterações ao nível da fiscalidade para garantir condições mais equilibradas de atracção de jogadores em comparação com outros mercados. Propor melhorias ao nível de jogo: últimos 10 minutos com o relógio a parar.
Uma boa intenção, mas que dificilmente passará disso. É um facto que, desde que foi revisto o regime de IRS dos futebolistas em Portugal, perdemos competitividade com outras Ligas, já de si mais competitivas a priori por terem maior capacidade de investimento. No entanto, ainda para mais com o actual Governo suportado em maioria parlamentar com comunistas e bloquistas, sabemos todos que será impossível na actualidade rever esse regime. Mesmo com qualquer outro Governo, nenhum Partido quererá atrair para sí o ónus da "menor justiça fiscal" depois das dificuldadaes que o país atravessou e atravessa.
Quanto aos últimos 10 minutos... Implica que o International Board altere as regras do futebol... Além que, porque não o jogo todo, porquê só 10 minutos? Um momento de boa disposição no Programa...
6. Incentivar alterações ao nível da arbitragem em Portugal, nomeadamente a reintroduição do sorteio de árbitros.
Apenas possível com o Sporting nos lugares de decisão referidos na primeira proposta. Enquanto vigorou o regime de sorteio o Sporting venceu 2 campeonatos em 3...
7. Sensibilizar e defender junto das entidades responsáveis pela marcação dos horários dos jogos da equipa principal de futebol, que estes tenham em consideração os sócios e adeptos que vivam longe de Lisboa.
Estas questões não se sensibilizam, negoceiam-se. Quem decide os horários, basicamente, é quem tem os direitos televisivos. Direitos esses que os clubes cedem, e negoceiam para os ceder. É esse o momento de abordar a questão.
8. Dinamizar programas de apoio à colocação no mercado de trabalho de ex-desportistas.
Uma muito boa intenção. Não obstante, deveria ser o Sindicato de Jogadores a avançar com a mesma, visto enquadrar-se mais com as suas competências. Mas claro que o Sporting deve colaborar! A esmagadora maioria das pessoas avalia a qualidade de vida dos desportistas em geral pelo gold standard, as "vedetas". Nem todos os desportistas são milionários, longe disso, e muitos sacrificaram outras carreiras pelo desporto. Saudável ideia, enquadrada no que são os valores do Sporting Clube de Portugal.
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Depois de ter olhado para as propostas na área financeira, são agora as propostas em matérias de marketing e comunicação o alvo de análise. Uma área, conforme já referido, em que os clubes hoje em dia devem apostar, em complementaridade ao core business, numa perspectiva de criar receitas adicionais.
1. Estudar e explorar formas de aproveitameno do património edificado que contribuam para a sua rentabilização nomeadamente, cobertura, videoscreens dentro e ao redor do Estádio, optimizando o aproveitamento das estruturas existentes.
Por património edificado, não contando com o Pavilhão prestes a ser concluído, estamos a falar do Estádio e da Academia. No caso do primeiro a experiência do dia de jogo, na Academia podemos também considerar a "micro-experiência" do dia-a-dia de treino que tenha acesso público. Conforme dito no texto do link acima, duas experiências que carecem de enormes melhorias e que têm um enorme potencial para o Sporting e parceiros. Aguardam-se medidas concretas que visem os objectivos propostos.
2. Alargar a rede de Lojas Verde, aproveitando o cada vez maior potencial turístico do nosso país.
Uma medida positiva e que tinha também merecido destaque no link acima.
3. Garantir, cumprindo os estatutos, o naming do Estádio, Academia e Pavilhão.
Conforme também já adiantado no link acima, essa tinha sido já uma promessa de Bruno Carvalho ainda por cumprir e agora "reprometida". Conforme indicado na proposta do candidato, qualquer passo neste sentido tem de ser aprovado em Assembleia Geral. Estranho, portanto, como promete «garantir» algo que não depende só da sua decisão... Em relação ao Estádio e Pavilhão, pessoalmente, acho que os nomes estão bem entregues. José de Alvalade e João Rocha são duas figuras tão incontornáveis no Clube, que revogar os seus nomes seria uma machadada na História do Sporting. Quanto à Academia, só peca por tardio. Mas, há que admitir que a proposta não vai longe o suficiente, existem ainda duas bancadas de Alvalade (lá está, como pensar noutro nome...?) com naming por aproveitar.
4. Criar uma fan zone junto ao relvado que permita que associados sorteados possam ter acesso directo aos jogadores.
Uma medida simpática. Geradora de valor na relação clube-sócio. Por esse motivo, talvez fizesse mais sentido ter sido incluída nesse grupo de propostas.
5. Distribuir gratuitamente o Jornal do clube por meio electrónico a todos os sócios com as quotas em dia.
Mais uma medida "simpática". Ao contrário da anterior, acarreta custos. Não o custo directo de execução – pouco significativo – mas o custo indirecto da potencial quebra de receitas no canal tradidional, o papel. Essa quebra de receitas poderia colocar em causa a sustentabilidade da essência do Jornal. Assim, não haveria depois nada para distribuir por meio electrónico... Para preservar a essência da proposta, tentando minimizar a "canibalização" entre canais, deveria ser cobrada uma anuidade de, por exemplo, 10% da anuidade da assinatura do jornal em papel.
6. Melhorar a SportingTV com a introdução de novos conteúdos e com transmissão em área reservada no site, na área de sócio dos directos relevantes.
Quanto à SportingTV, inteiramente de acordo, pode ser ainda muito potenciada, não só em conteúdos como em fonte de receita com publicidade. Uma coisa, de resto, leva à outra... Quais os conteúdos em mente? Quanto à segunda parte, desde que os directos relevantes sejam os mesmos para os quais já temos licença de transmissão na SportingTV, óptimo! Mas, site... só? Quantas pessoas hoje em dia "consomem" através de um PC e quantas através do telemóvel/tablet? Para quando uma app Sporting, a sério?
7. Dinamizar a proximidade de sócios às figuras do clube, aproveitando o site e as plataformas de comunicação organizando, entre outros, live chats regulares.
Inteiramente de acordo. Não só numa perspectiva "unilateral", ou seja, sendo o Clube a tomar a exclusiva iniciativa do evento, mas também em colaboração com iniciativas já em marcha. Aqui, destaco claramente o #Sporting160. Pode o Sporting colaborar activamente tornando-as ainda mais interessantes.
8. Reforçar a internacionalização da marca Sporting, nomeadamente com a criação de novas Escolas Academias Sporting, com especial ênfase nos PALOPs.
Sem dúvida uma prioridade. Não só do Sporting, como de Portugal. Não obstante, não se trata tanto de uma proposta do candidato, pois já é tarefa em marcha há mais de um presidente, sendo mais dar continuidade ao trabalho já desenvolvindo. Há que perseguir mais parcerias locais para repartir custos.

Hoje, dia 7 de Fevereiro de 2017, o Sporting vai para quase quinze anos sem vencer um campeonato, com poucos títulos internos nestes anos passados, com eternos problemas internos de liderança, com problemas financeiros, com erros graves de gestão, com tantas asneiras que se abriu a possibilidade a um ilustre desconhecido tomar o poder.
Bruno de Carvalho está no seu quarto ano de mandato. E tudo continua na mesma, ou numa visão financeira, pior. Estamos mais dependentes de terceiros, temos menos percentagem da nossa SAD, o nosso passivo aumenta a olhos vistos, o investimento é cada vez maior e o retorno, seja ele em vendas seja em títulos é praticamente nulo.
Ora, não é necessário tirar um curso de gestão ou um MBA para entender que de onde se tira e não se coloca, algum dia irá faltar, e não existirá onde ir buscar para tapar o buraco.
Hoje, dia 7 de Fevereiro de 2017, a menos de um mês das eleições no Sporting, dois candidatos pouco esclarecem e nada apresentam de soluções.
Não há uma única proposta de rutura. E no caso da Candidatura de Bruno de Carvalho, é ainda mais assustador assistir ao regresso de figuras do passado recente tão violentamente criticados pelo atual Presidente. Eram “estes” o “cancro” do Sporting. Pois bem, como é hábito, as metástases espalham-se e dificilmente conseguem ser eliminadas. E neste caso até se abraçam com a “cura”, apesar de o problema continuar bem visível e a alastrar abruptamente por todo o universo Sporting.
Ora avaliando o estado do Clube, olhando para os péssimos resultados desportivos, para os miseráveis resultados financeiros, para o estado da nossa Formação, para o tom e a forma como Bruno de Carvalho lidera, a questão que se coloca é: Porque desistiu Mário Patrício? Porque não avançou já Benedito? Ganhariam estas eleições, e não sou eu que o digo, é a bancada leonina que não quer Bruno de Carvalho.
Quando olhamos para a Comissão de Honra de Bruno de Carvalho, e conhecendo nós os apoiantes dos Candidatos a Candidatos que nunca o foram e desistiram, começo a ter a certeza que há uma estratégia na sombra, ou melhor, e ao estilo Hollywood, uma golpada.
Ora vejamos, Ricciardi está sempre com quem está no poder. Hoje gosta do Bruno, amanhã tratará de o dizimar. Isso é uma certeza como a fome. Pedro Baltazar quer o poder, Froes quer o poder, Mário Patrício quer o poder, Godinho quer a sua “vendetta”, entre tantos outros ilustres, onde se poderá encontrar Alvaro Sobrinho e Mosquito, grandes “amigos” dos cofres verdes e brancos.
Bruno de Carvalho está a ser dizimado por dentro. A esta equipa apresentada falta somente Carlos Barbosa e Nobre Guedes para se afirmar o passado recente que Bruno prometeu “limpar”. Pois bem, que maior afirmação de fracasso que se ver obrigado a “readmitir” toda esta gente? E que maior afirmação de liderança marioneta que tudo isto?
Bruno não será vencido na urna, cairá sozinho, em desgraça, acabando com um falso mito. E merece cair assim. Um vendedor de banha da cobra que engana, processa, insulta os Sócios que lhe pagam o ordenado e lhe permitem viajar e passear em família e com namoradas por este mundo fora.
Bruno auto-injetou-se com o vírus. A cura não existe. Querem destruí-lo. Mas quem deixou a ferida exposta foi o próprio Bruno. E não se preocupou nunca em cura-la, mas sim em alastrar o fosso e a promover uma divisão e uma guerrilha que nunca poderia ganhar.
Bruno é um pobre diabo. Sem credibilidade perante a banca, sem credibilidade perante as empresas, sem voz nem poder em lado algum. E na sua ignorância e redução à realidade, não é de espantar preferir o banco à bancada presidencial. Pois no banco junto ao relvado está ao seu nível, na cadeira dos negócios é um pobre rapaz, sem propósitos e sem capacidade de envolvimento e visão.
Bruno acabou. Tem os dias contados. E uma vez mais, quem pagará tudo isto é o Sporting.
Mantenham-se atentos, pois o golpe está em marcha, e a perda da SAD é cada vez mais uma realidade.
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Perto do Lumiar fica a Mercearia Leão. Como tantas outras, teve na sua criação uma raiz familiar que perdurou por alguns anos, mas entretanto decidiu o senhor Alfredo (neto do fundador), para fazer face aos novos desafios de uma economia globalizada, que a mesma se devia organizar como uma cooperativa.
É então decidido, juntamente com os demais membros da cooperativa, que para a Mercearia ser sustentável deveria acentuar a sua já anterior aposta em vender fruta e legumes nacionais de produção própria. Até esse momento, o senhor Alfredo tinha uma pequena horta na vizinhança da Mercearia. Numa perspectiva de aproveitar a Lei das Economias de Escala, bem como incrementar a qualidade final do produto, resolvem adquirir uns terrenos na margem sul do rio Tejo. É solicitada certificação por parte da ASAE e arranca a produção.
É igualmente decidido, e concretizado, que a própria Mercearia seria demolida para se construir um novo espaço mais de acordo com o que um cliente espera encontrar num espaço comercial após o ano 2000. Fica apenas por concretizar a construção, num anexo da Mercearia, de um espaço que permitisse vender enchidos gourmet. Ainda que o core business da Mercearia fossem os legumes e fruta, sempre fora também conhecida pela sua charcutaria. Lamentavelmente, devido a diferendos com a repartição municipal responsável pelo licenciamento de lojas gourmet, fica essa obra por fazer durante largos anos (como em qualquer tema autárquico poderia ter-se resolvido “de outra forma” mas o senhor Alfredo pauta a sua conduta por uma ética irrepreensível).
O senhor Alfredo, pensando ter assegurado as bases de desenvolvimento do negócio, acha que é tempo de se afastar do negócio outrora familiar. Os anos passam-se, e pela liderança da cooperativa vão passando várias pessoas, quase todas com um ponto em comum: percebem muito pouco de agricultura e menos ainda de comércio local.
Eis se não quando, munido de curso tirado ao abrigo do Programa Jovens Agricultores, aparece em cena alguém que afirma ter a solução para o desempenho periclitante da Mercearia. Afirma, e bem, que os custos inerentes à exploração da Mercearia e dos terrenos da margem sul têm que baixar para um nível mais equilibrado. Preconiza, e bem, que a Mercearia tem de voltar à sua matriz de vender a produção própria. Com este discurso consegue levar de vencida o seu concorrente na eleição.
Mantém tudo o preconizado no seu primeiro ano. Complementa o cardápio com umas mangas importadas da Argélia e café da Colômbia, percebe-se, pois em Portugal é com dificuldade que se plantam mangas ou café.
Dá-se uma recuperação até surpreendente para alguns elementos mais pessimistas da cooperativa. Nessa recuperação foi também de extrema importância um jovem engenheiro agrónomo que tinha terminado o curso com média de 18, que trata tão bem a lavoura que atrai as atenções de um investidor de leste e é levado a montar um negócio semelhante, de raiz, em França.
O líder da cooperativa, achando que o lugar de engenheiro-chefe é de crítica importância, aborda outro jovem engenheiro – este com média de 17. E é aqui que começam a acontecer coisas estranhas. Sem que o engenheiro tenha pedido, sai da Mercearia o segurança que no ano anterior tinha impedido uma série de meliantes de vandalizarem a Mercearia. Sem que o engenheiro tenha pedido, começa a ser importada fruta estrangeira de origem não certificada – alguma pronta a consumir, mas também algumas sementes para os terrenos da margem sul. O engenheiro estranha, até porque se importam sementes de pêra francesa e a pêra rocha do Oeste é muito melhor, mas tenta ir equilibrando as vendas da melhor maneira. Entretanto, aparece até um ex-trabalhador rural que é agora um conhecido vendedor de joalharia pechisbeque na Feira de Carcavelos, a afirmar que o engenheiro quer é vender a sua própria fruta, apesar de este nem sequer ter uma horta…
De situação estranha em estranha situação se vai andando até ao desfecho. O líder da cooperativa diz que não conta mais com o engenheiro porque um dia ele não levou o chapéu de palha. A questão é que o engenheiro entretanto ainda consegue uma medalha de prata num concurso agrícola, e, com isso cativa muitos dos membros da cooperativa.
O líder da cooperativa percebe então que, estando à frente de uma organização comunitária e não da sua própria loja, tem que agir de acordo com a vontade da maioria dos membros. Tem uma ideia bombástica: «… há ali um gajo na Mercearia de Carnide que toda a gente pensa que tem feijões mágicos… MUHAHAHAHAHAH!!». Se bem o pensou, melhor o fez. Em menos de um mês estava o jovem engenheiro a explorar uma leitaria especializada em iogurte grego e estava o ex-capataz de Carnide a colaborar com a cooperativa.
Se no ano que aí terminava já tinham acontecidos coisas estranhas – como a importação de pêra francesa – agora com o capataz os eventos precipitam-se a uma velocidade vertiginosa. A começar com a velocidade a que euros saem da conta da cooperativa para a conta do capataz. É que o capataz apesar de só ter a 4ª classe, conseguiu com a sua fama de produzir feijões mágicos ganhar um vencimento ao nível dos melhores engenheiros agrónomos do Mundo.
Adicionalmente, acentua-se a aposta na importação de fruta estrangeira e a passa-se a subalugar a produção própria a outras mercearias de menor expressão. Ganham essas mercearias, que passam a ter mais clientes devido à melhor qualidade dos produtos, perde a Mercearia Leão.
Perde a Mercearia porque a fruta estrangeira paga grandes taxas aduaneiras, além de só poder ser tratada com fertilizantes da Monsanto (que são muito mais caros e com consequências para a saúde do consumidor final). Perde a Mercearia porque o capataz, além de sair caro, constantemente declara que ele é que inventou o arado.
Após dois anos, após as vendas voltarem a níveis anteriores, após os custos dispararem devido às taxas e aos fertilizantes, após alguma da produção teimar em crescer menos devido ao arado usado, o líder da cooperativa tem que dar explicações aos demais associados, que começam a revelar descontentamento.
Ouve-se e lê-se a seguinte causa: o gato da vizinha, apesar de não ter asas, consegue sobrevoar a plantação e estragá-la com a sua urina (tóxica como se sabe). Mais, esse gato consegue falar. Mais, esse gato tem botas que comprou no Colombo. Espantosamente alguns membros da cooperativa acreditam e acusam os restantes, menos voltados para o sobrenatural, de serem muçulmanos.
Moral da história: os gatos miam e não existem feijões mágicos.
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