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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre
Fazendo uma “viagem” retrospectiva, confrontamo-nos necessariamente com uma mudança de paradigma naquele que é, simultaneamente, o melhor e pior modelo de organização civilizacional – a Democracia.
Em tempos idos, e ainda que a Democracia dispense o culto pessoal, podíamos “olhar para cima” com genuína admiração.
Nuns casos para os (futuros) Líderes que se bateram, por vezes com enorme sacrifício pessoal, para que as pessoas tivessem a possibilidade de escolher aqueles mais aptos e com maiores competências para “navegar o barco” – primus inter pares. São disso exemplos internos Mário Soares e Álvaro Cunhal. Gostando mais ou menos de cada um deles (não é essa a questão), mas, unanimemente, todos lhes agradecem o facto de hoje poderem até, eventualmente, falar mal deles.
Noutros casos para os que já ascenderam a lugares de liderança com regimes democráticos implantados, mas que mesmo assim acalentaram o sonho de os tornar cada vez melhores, mais justos, tendo como meta o eterno desenvolvimento global. Podemos recordar Kurt Waldheim que foi secretário-geral da ONU na década de 70 do século XX, período em que a organização pugnava efectivamente pelo sonho de paz mundial. Podemos recordar Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia à data da adesão de Portugal, que verdadeiramente acreditava num projecto europeu inclusivo e de desenvolvimento social e económico para todos. Na realidade política, podemos recordar mais recentemente Barack Obama. Na realidade desportiva, podemos (e devemos!) recordar João Rocha.
O que mudou? Porque mudou?
Hoje… Hoje é com imensa dificuldade que “olhamos para cima”. Pior!, hoje é com alguma dificuldade que “olhamos” sequer “para o lado”. A mudança de paradigma, numa frase, é esta: passámos de poder eleger os melhores para nos resignarmos aos menos maus.
Vejam-se as recentes eleições nos Estados Unidos da América, país que para além do referido Obama já teve também Lincoln e Kennedy. Estas eleições claramente não foram a escolha do melhor, muito por culpa de esse melhor nem estar no boletim de voto. Os norte-americanos viram-se confrontados, não com a escolha do primus inter pares, mas com a exclusão de partes. Ou seja, voto em A porque odeio B, e vice-versa – a escolha do menos mau.
Vejam-se agora as actuais eleições do Sporting Clube de Portugal. Assistimos, com grande consternação, à ausência dos melhores na corrida eleitoral. Até à data, com as candidaturas em cima da mesa, temos tal como os norte-americanos a escolha entre o mau e o medíocre. De um lado o líder actual, do outro o aspirante.
De um lado a “pseudo-réplica” de Pinto da Costa e Vieira, mas que tarda em perceber que os métodos e estratégias utilizadas pelos presidentes rivais nos seus inícios dos respectivos mandatos poderão (claro!) estar ultrapassadas em 2017… Mais que não seja, porque um começou na década de 70 e o outro na de 90, e o Mundo mudou um bocado desde então. O Mundo sim, o Sporting não.
Do outro, alguém que está prestes a ter de utilizar muletas para se deslocar, tal a quantidade de tiros no pé que já deu. Entre os tiros, os tropeções e os tiros nos cotos (tiro em dedo previamente atingido), aquele que era visto com alguma esperança pelos que não se resignam ao descrito no parágrafo anterior esfuma-se no pó da desilusão e em breve no pó do esquecimento.
Queremos mais! Queremos melhor!! Merecemos melhor!!!
Merecemos…?
Será que os norte-americanos merecem melhor que Trump? Com a total ausência de debate de propostas na campanha, por detrimento de ataques pessoais, muito consequência do facto de as pessoas genuinamente não as quererem ouvir, com uma taxa de abstenção na casa dos 50% com especial predominância entre as mulheres (que o mesmo desrespeitou imensamente) é justo dizer que “se deitaram na cama que fizeram”.
Será que os portugueses merecem melhor? Com as sucessivas abstenções que se vão verificando nas sucessivas eleições, os mencionados Soares, Cunhal e Salgueiro Maia devem dar voltas e voltas nos seus repousos eternos.
Será que os sportinguistas merecem melhor? Aqueles que estão prontos a idolatrar alguém que se limita a imitar aqueles que antes criticávamos e que “no Sporting nunca!”.
Fazem falta Líderes, mas essencialmente fazem falta pessoas inteligentes que analisem, façam questões e sejam exigentes. Se as massas são compostas de “menos maus”, como podemos aspirar a que delas emerjam Líderes…?
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