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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre
E eis que, “num abrir e fechar de olhos”, chegámos ao redondo número 100.
Antes de mais, gostaríamos de agradecer do fundo do nosso coração sportinguista a todos os leitores, todos! Aos que leram todos os 99 anteriores como aos que leram apenas 1, aos que concordam com o que lêem e aos que discordam. Não nos lançámos a este desafio para “palmadinhas nas costas” mas sim para incomodar e (tentar) fazer pensar. Para tudo o que é realmente importante na vida não existem soluções fáceis ou únicas, e, quando se trocam ideias todos saímos a ganhar.
Para assinalar um número “especial” impõe-se um tema especial. E, considerando o nome que escolhi para aqui assinar, é fácil perceber que o Iordanov é um “assunto” que me é mesmo muito caro!...
Porquê?
Há pessoas, atletas e não só, que ficam na História pelos números. Tomemos o exemplo Cristiano Ronaldo. Dentro de 200 anos que memória sua persistirá? Os campeonatos, as taças, as internacionalizações, os golos, as assistências, as Bolas de Ouro… Em resumo, a memória futura escreve-se com algarismos. Mas conseguirão os números contar a história do menino que deixou a família na Madeira e veio sozinho para Lisboa? Sente-se nos números o odor do suor que toda a sua carreira deixou nas camisolas de treino? Não.
Ivaylo Iordanov é mais um caso paradigmático da ditadura dos números. No Sporting Clube de Portugal venceu “apenas” 1 Campeonato, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça Cândido de Oliveira. Nunca foi quem teve mais assistências. Nunca foi o melhor marcador. Aliás, marcou sensivelmente os mesmos golos na sua carreira de Leão Rampante ao peito que o supramencionado Cristiano marca em “apenas” época e meia. Mas ainda hoje recordo com um sorriso escarno-condescendente o momento em que na final da Taça, frente ao Marítimo, pretendia assistir de cabeça Sá Pinto ao segundo poste e o cabeceamento saiu… para a baliza. Um dos 2 golos com que o Sporting resgatou o troféu, ambos marcados por ele. E eternamente recordarei, com sorriso comovido, o momento em que subiu à estátua do Marquês de Pombal para a ele confiar um cachecol do recém-Campeão. Ainda recentemente se mostrou disponível para repetir o gesto.
Nasceu a 22 de Abril de 1968 (sim, faz anos no sábado…). Chegou ao Sporting em 1991 pela mão de Sousa Cintra, era então treinador Marinho Peres, proveniente do Lokomotiv Gorna ao serviço do qual se tinha sagrado o melhor marcador na época anterior. Foi também 50 vezes internacional pela Bulgária, tendo sido um dos que ajudou ao honroso 4º lugar no Mundial de 1994.
No Sporting marcou 71 golos em 226 jogos oficiais. Ultrapassou a fasquia dos 10 golos em 3 épocas: logo na primeira, em 1994/95 e em 1998/99. Não se considere no entanto que fosse perdulário/ineficaz, pois é importante recordar que à data as equipas alinhavam normalmente com dupla atacante e, sendo Iordanov intrinsecamente um lutador, o habitual seria ele ganhar lances para outros converterem. Entre esses outros podemos mencionar Cadete, Juskowiak, Sá Pinto, Paulo Alves e Acosta. Dos que foram por si assinados, fica aqui uma pequena amostra:
Personifica na sua vida o ADN do Sporting: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. Não por acaso foi um Grande Capitão, apenas o segundo de nacionalidade não portuguesa na História do Sporting. Algumas fotografias de ex-atletas do Clube, pelo que representam, deveriam ter lugar de destaque em Alcochete, sendo a sua uma das obrigatórias! Já venceu um cancro. Já recuperou de um gravíssimo acidente de viação. Luta desde 1997 contra a esclerose múltipla, sendo que após a mesma lhe ter sido diagnosticada teve como segunda reacção dizer ao médico que o ajudasse a ir ao Mundial de 1998 e a ser campeão pelo Sporting. Foi ao Mundial. Como se viu atrás, a época 1998/99 foi uma em que apontou mais golos. E, finalmente, na época seguinte concretizou o sonho!
Retirou-se como jogador em 2000/01. Chegou a integrar a estrutura de futebol do Sporting como treinador-adjunto da equipa B. Disse recentemente que, se um dia “o telefone voltar a tocar”, volta sem pensar duas vezes. Lamentavelmente apenas teve o seu jogo de homenagem em 2010, por questões absurdas que nem vale a pena referir. Os símbolos serão sempre mais importantes do que meia dúzia de patacos…
Já este ano, um jornalista brasileiro, que já o tinha entrevistado 18 anos antes, deslocou-se a Sofia para fazer um follow up da entrevista original. Levava-lhe, para além de perguntas, mensagens de apoio de ex-colegas brasileiros com quem tinha jogado no Sporting.
Ainda esta semana, na excelente rúbrica #Sporting160, foi entrevistado e deixo aqui através da Bancada de Leão o programa completo e as suas notas.
São estes Homens que nos devem servir de exemplo, no desporto e na vida! São estes Heróis que merecem, sempre, ser recordados. Não pelos números… Pelo “suor”!
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