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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre
A época actual do Sporting tem sido uma grande desilusão para todos os sportinguistas. Mesmo os que insistem sempre em ver o lado bom das coisas, têm dificuldade em conseguir apontar algo de positivo no que diz respeito à carreira da equipa de futebol. Os únicos momentos que nos deram algum alento foram a vitória sobre o Porto, num jogo dividido e a exibição em Madrid, jogo que ainda assim acabou de forma inglória, com dois golos que ditaram a nossa derrota nos últimos minutos. Não me recordo de mais nenhum jogo que evocasse, ainda que vagamente, os momentos de bom futebol, em alguns casos de excelência, que tivemos na época passada.
Na verdade, no resto dos jogos, os sportinguistas têm saído invariavelmente vergados ao peso de derrotas e empates ou então com grande testes à saúde das suas coronárias com vitórias tangenciais e sofridas. Esta tem sido a nossa sina esta época.
Já muito se discutiu sobre os motivos deste descalabro. Entre eles contam-se mau planeamento da pré-época, aquisições desastrosas, com jogadores que em nada são superiores aos jovens da nossa formação - entretanto emprestados a outras equipas - e por outro lado, não se terem colmatado as principais lacunas da equipa, como era o caso dos defesas laterais. Também não se encontraram substitutos à altura para Adrien e William, os esteios da equipa, o que seria necessário, tendo em conta o número de competições em que o Sporting está envolvido (infelizmente cada vez menos) e os castigos e lesões que sempre aparecem. Salvaram-se Dost e Campbell (emprestado), pois quanto ao resto... enfim.
Isso levou a que o treinador tivesse colhido maus resultados sempre que rodou demasiado a equipa, acabando por ficar limitado a um núcleo duro de pouco mais que 13-14 jogadores, com o consequente desgaste físico dos utilizados. Na altura da época mais crítica como foi o caso dos meses de Novembro e sobretudo Dezembro, a equipa teria mesmo de se ressentir dessa sobrecarga. O caso da derrota com o Braga parece ter sido um dos exemplos em que isso foi mais nítido, mas existiram mais.
Aliado a isso, tivemos o efeito psicológico negativo que sempre acompanha os maus resultados e ciclos negativos. Claro, que também existiram alguns erros de arbitragem, como o caso do jogo da Luz, mas já antes a equipa havia dado provas de fraqueza exibicional, com empates com Tondela em casa, Guimarães, Nacional (aqui também com erro de arbitragem, mas com exibição medíocre) e derrotas com Rio Ave e Legia. Portanto, não vale a pena insistir que os árbitros são os culpados de todos os males. Já se percebeu, tirando alguns casos graves de acefalia em alguns adeptos, que isso não justifica tudo o que de mau nos tem acontecido.
Por tudo isto, o clima no balneário não será certamente o melhor. Rumores de jogadores castigados e de outros a quererem sair e a cobrarem promessas que lhes terão sido feitas nesse sentido pelo presidente, vão surgindo à superfície. Parece demasiado fumo para não existir fumo.
Mas no sábado em Chaves e depois de mais um mau resultado, não aproveitando o deslize inesperado do Benfica, a situação terá conhecido contornos inimagináveis!
Depois de terem sofrido o empate a 3 minutos do fim do jogo, no corolário de mais um má exibição, os jogadores tinham à espera no balneário o presidente Bruno de Carvalho, o qual estava aparentemente descontrolado, falando alto, tal como relata o jornal “O Jogo”. Parece que colocou em causa o profissionalismo dos atletas, tendo-lhes chamado chulos, o que motivou a sua justa reação, sobretudo de William e de Adrien, mas também de Dost. Ora isto é muito grave e sintomático do desnorte em que este presidente mergulhou e com graves consequências para a instituição. Já não bastavam as inúmeras infelicidades que vai evidenciando no seu discurso e nos seus posts, agora volta-se contra os seus próprios jogadores? Aqueles de que em última análise depende a alegria ou tristeza dos sportinguistas?!
Não está em causa o direito que o presidente tem de cobrar rendimento e aplicação aos jogadores e resultados ao treinador. Mas será que após um jogo e a quente, falar aos jogadores da forma alterada, insultuosa e desrespeitosa levará a algum resultado positivo? Serão os jogadores culpados do mau planeamento da época ou de não terem muitos colegas com nível suficiente para poderem rodar e assim poderem estar em melhores condições físicas? Ou passaram de bestiais a bestas num ápice? Como reage alguém a quem insultam e põe em causa o seu profissionalismo? Não teria sido melhor fazer uma reflexão e conversar com eles no dia seguinte, quando todos estariam mais calmos e aptos a captar melhor a mensagem, que deveria ser ao mesmo tempo de crítica e de motivação? Ou estar aos berros de forma que foi audível até para os elementos da equipa adversária eram a melhor solução? E depois sujeitou-se à humilhação de ser convidado a deixar o balneário e depois o autocarro da equipa. Ninguém o respeita mais.
Bruno de Carvalho errou mais uma vez. A sua autoridade e o respeito que lhe é devido vão-se esfumando. Primeiro, perdeu a consideração dos vários agentes do futebol português, desde dirigentes de clubes adversários, empresários, jornalistas, etc. Agora quer perder também a dos seus próprios jogadores e treinador. Isto parece refletir um presidente excessivamente preocupado com as eleições que se aproximam. Ora os sportinguistas querem é que a equipa jogue bem e que ganhe os jogos. Estamos fartos de ser enxavalhados e de nos dizerem que temos de ser campeões e depois nos presentearem com estes tiros nos pés. De dizerem que incomodamos e depois vermos qualquer equipa média no nosso campeonato a jogar connosco como se fossem o Barcelona e a sermos nós os verdadeiramente incomodados.
No domingo, depois de uma sessão de selfies e autógrafos de limpeza da imagem, pudemos assistir a uma intervenção dos jogadores Adrien e William na qual foi visível o incómodo e em que a sua expressão foi bem mais eloquente que as suas palavras. E mesmo nestas, confirmaram a presença do presidente e a existência de diálogo no balneário (afinal os jornais nem sempre inventam) “como lhe era permitido” tal como referiu Adrien. Ficou a promessa de tudo fazerem para as coisas melhorarem.
Registamos e pedimos encarecidamente que isso aconteça e já no jogo da Taça na terça-feira. Única competição que ainda poderemos vencer. No campeonato já vimos que até o terceiro lugar será difícil. E seria bom que além dos jogadores, todos os elementos com responsabilidade no clube também fizessem o que se espera deles e ajudassem a tirar o Sporting desta péssima situação. É que estar a lutar com Braga e Guimarães por uma posição faz lembrar tempos que nos prometeram não se iriam repetir. E isso sobretudo na época em que se faz o maior investimento de sempre...
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