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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre
Acabou o campeonato e com ele o suplício de uma época desastrosa. Não apenas pelo terceiro lugar, por não se ter ganho (mais uma vez) qualquer troféu, mas porque fica a nítida sensação que se podia ter feito muito melhor. Desde logo, com o dinheiro usado nas contratações, que foi muito mal aplicado, tirando o caso de Dost. Com outro tipo de soluções, teria sido possível atacar muito melhor a época, não desgastando sempre os mesmos jogadores numa fase decisiva em que estávamos envolvidos em várias competições em simultâneo (Novembro-Dezembro) e poderíamos ter tido outros horizontes. Sobretudo com um Benfica abaixo do que fez na época passada e com um Porto claramente fraco e irregular.
Ser do Sporting tem sido quase sempre assim… iniciar uma nova época com esperança, ver esse ânimo e crença ir diminuindo progressivamente até que se converte numa desilusão e na nossa resignação mais ou menos habitual. Apenas tem variado a altura em que normalmente deixamos de acreditar. Uma vezes era o tão famigerado Natal, outras um pouco mais tarde… como na época passada em que estivemos quase até à última jornada com a ideia de que era possível, embora para muitos a derrota em casa com o Benfica possa ter representado o canto do cisne em termos das nossas aspirações ao desejado título de campeão nacional.
Passa assim ano após ano, em que ficamos um pouco mais velhos, em que os nossos filhos a quem tentamos transmitir o gosto por este fantástico clube, também ficam mais velhos e continuamos a ver os outros ganhar o que devia ser nosso. Os outros adeptos a fazerem a festa e nós a assistir.
E depois perguntamo-nos muitas vezes “porquê?” Porque temos como sina ver os grandes jogadores, que formamos e desenvolvemos, triunfar em outros clubes? Porque abrimos caminhos como a aposta no eclectismo, que depois os outros vêm copiar e onde também vêm festejar títulos, como no andebol e hóquei, modalidades em que tínhamos e temos grandes tradições?
A essência do desporto é competir e tentar vencer. Nós não temos conseguido vencer muitas das vezes. Claro que temos várias medalhas e títulos para festejar, mas nas modalidades colectivas e em particular no futebol, o registo tem sido muito mau, abaixo do desejável e do que um clube como o nosso merece.
Vem todo este arrazoado a propósito deste fim-de-semana.
Assistimos aos jogos dos rivais e interrogamo-nos como é possível estarmos (antes do início da jornada) a 12 e 11 pontos de diferença deles? Equipas que jogam de forma medíocre, com dois treinadores medianos e sem brilho e no entanto esta época estiveram muito acima de nós…
O que é certo é que o Benfica teve uma escorregadela, que não aconteceu na época passada nas últimas nove jornadas quando estavam a disputar o campeonato connosco, mas o Porto não teve a capacidade de a aproveitar. Podemos até pensar que o Sporting da época passada, tirando um período entre Janeiro e Março que nos foi fatal, exibiu um futebol que ainda ninguém mostrou esta época. Mas isso de pouco nos vale agora.
Na próxima jornada há um clássico, que será importante para o desfecho do campeonato. Uma vitória do Benfica significará tornar quase certo um tetra inédito para aquelas bandas, um empate deixa-os mais dependentes do jogo connosco e uma derrota caseira (cenário que parece menos provável) poderá aí sim dar um alento ao Porto que os leve a vencer o campeonato.
Nós vamos assistindo a isto de longe, com a tal resignação de sabermos que estamos fora disto, por culpa de uma época miserável, em que o bom futebol não quis nada connosco e os resultados também. Depois de um jogo bem conseguido contra o Tondela, regressámos ao registo habitual de mediocridade no jogo com uma das equipas mais fracas da Liga, o Nacional. Valeu o inevitável Bas Dost e pouco mais se viu. Claro que há quem faça contas mirabolantes com pontos perdidos por parte dos rivais e um registo imaculado nosso até final e que até parece acreditarem num milagre. Pois deixem lá o mundo das fábulas e pensem só nisto: são DOIS rivais para recuperar pontos e precisamos que percam 19 pontos e que nós não percamos nada até final. Ou seja, que percam mais pontos nestas 8 jornadas do que até aqui e que ambos os percam. Portanto, vamos lá cair na realidade crua e dura…
Então o que nos resta? Bem, para já que tal brindar os adeptos que continuam a ir a Alvalade, mesmo com a época perdida, com boas exibições? Em lhes servir alguma esperança para a próxima época, com apostas em jogadores que possam evoluir e dar-nos alegrias? É que só nos resta isso e tentar ganhar todos os jogos até final, encurtando distâncias para os da frente e em particular para o segundo classificado. Com um discurso positivo, a apelar ao melhor que existe nos sportinguistas e a estimular a nossa fé em que melhores dias virão e já na próxima época, deixando de lado os egos e as bazófias que nunca fizeram parte do nosso ADN… Fazendo crescer a ideia de que neste defeso contrataremos de forma acertada e ponderada, para as lacunas do plantel, em que à cabeça surgem os laterais, não o fazendo à toa e indo buscar jogadores em baixa em outros clubes, apostando numa redenção miraculosa em Alvalade… Apostando na Formação, de onde tanto talento tem vindo e onde temos Iuri, Podence, Geraldes, Domingos Duarte, Palhinha, só para citar alguns e complementando-os com a dose de experiência e categoria necessária para os enquadrar devidamente… Construindo uma estrutura a sério para o futebol, não demasiado dependente do treinador e em que o critério major seja a competência e a boa interligação entre os vários elementos e sectores… Será assim tão complicado?
Abro um parêntesis para Leonardo Jardim e o seu Mónaco. Simplesmente espectacular o trabalho que o treinador português está a desenvolver no principado. A contratação deste treinador para o Sporting constituiu uma das medidas mais acertadas de Bruno de Carvalho. Recuperou a equipa de futebol, construiu as bases dos anos seguintes e mostra agora o que poderia ter sido o seu percurso no Sporting e do nosso clube se tem ficado para um projecto a médio prazo. Nunca se queixa dos jogadores que não tem e que não é possível contratar (veja-se que mesmo quando foi para o Mónaco, teve de começar quase do zero…), não fala de arbitragens, respeita os adversários e revela uma enorme competência a desenvolver jogadores jovens. Mas pronto, não vale a pena falar mais nisso, porque saiu ao fim de uma época. Nem vou especular porque saiu e vou aceitar como boa a tese de que só saiu pela proposta ser irrecusável e não porque existisse algum mal-estar com a Direcção.
O treinador que temos é Jorge Jesus, que ganha um ordenado altíssimo e a quem estamos amarrados. Agora resta pressionar o treinador a ganhar, numa altura em que vai para a terceira época connosco e apenas tem uma Supertaça para apresentar como conquista. A nossa estrutura e o treinador têm de estar à altura do que o nosso clube e os adeptos merecem.
E não deixa de ser irónico ver alguns “grandes” sportinguistas no Facebook e nos blogs a queixarem-se dos adeptos do Sporting… porque ousam criticar a falta de qualidade de jogo da equipa. Imagine-se o descaramento deles! Porque estes adeptos querem ganhar e não apenas ouvir dizer que o vamos fazer e depois isso não se verificar. Porque acham que uma vez que continuam a ir ao Estádio, mesmo sem objectivos decentes para alcançar, merecem ao menos bons espectáculos. Porque acreditam na matriz e princípios do clube e continuam época após época a ver o seu presente de glória adiado. E depois vemos os adeptos de um clube que é tricampeão a dizerem neste fim-de-semana que o campeonato está perdido, após uma escorregadela e a criticar o seu treinador. Vemos o Dragão cheio, mas apenas porque neste fim-de-semana podiam assumir a liderança no campeonato. E depois questionamo-nos: esta gente que critica os outros sportinguistas não se enxerga e não tem vergonha na cara? Se alguma coisa 86% dos sócios têm "culpa" é de votarem em quem os elege como bode expiatório dos insucessos em 86% das ocasiões…
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