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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre
O famoso romance queirosiano Os Maias (pessoalmente o de que mais gosto do tio Eça) possui uma das cenas mais inspiradas da literatura portuguesa: o jantar no Hotel Central, ao Cais do Sodré (que já nem existe). Antes da fabulosa cena apoteótica entre o titã realista João da Ega e o vate romântico Tomás de Alencar, os comensais discutem a saúde financeira do país. A dada altura:
“Carlos não entendia de finanças: mas parecia-lhe que, desse modo, o País ia alegremente e lindamente para a bancarrota.
- Num galopezinho muito seguro e muito a direito – disse o Cohen, sorrindo.”
Peço, desde já, desculpa aos leitores mais impaciente por este intróito literário. Peço também desculpa pelo meu longo silêncio neste espaço. Senti apenas a inutilidade do meu esforço. Hoje, contudo, a ocasião é demasiado urgente para continuar calado.
Não, não pretendo dissertar acerca da (reconhecidamente débil) saúde financeira do Sporting. Não, não pretendo aprofundar a dor de que todos já padecemos. O conceito de bancarrota que serve de mote a este texto é de natureza moral. O Sporting foi ontem destituído de qualquer autoridade moral que ainda lhe restava. O Sporting consumou ontem a sua bancarrota moral.
Por 5 vezes o Sport Lisboa e Benfica foi impedido de chegar ao tetracampeonato. 2 delas pelo Futebol Clube do Porto. 3 delas pelo Sporting, a última das quais especialmente saborosa porquanto foi coroada por uma dobradinha no precioso ano de 1974 e com a marca até hoje inigualada de Hector Yazalde, cifrada nos 46 golos.
Durante 48 anos (1954-1998) tal marca foi pertença exclusiva do nosso querido Sporting Clube de Portugal. Sofremos a indignidade de ver o Futebol Clube do Porto a igualar-nos e, no ano seguinte, a transcender esse feito. Ontem, o nosso maior rival entrou, por mérito próprio, no mesmo clube de tetracampeões, garantindo, no mesmo jogo, o 3º lugar ao Sporting Clube de Portugal. Haverá maior humilhação que esta? Ganham-nos o campeonato, empurram-nos desdenhosamente para fora da luta e, como prémio de consolação, ainda nos dão o chocolate da pré-eliminatória da Champions.
Quanto a vós não sei, mas ontem foi o dia mais triste que já vivenciei como sportinguista. Mais que a final da Taça UEFA desgraçadamente perdida em nossa própria casa. Mais que Maio de 2013, há precisamente 4 anos, com a confirmação de um miserável 7º lugar. É que, em 2005, ainda se lutava. Em 2013 sabíamos que era uma questão de tempo até algo mudar.
Desta vez, é mais grave… Estamos pior do que nunca, mas não há mudança à vista… Serão os próximos 4 anos iguais aos que nos foram infligidos até agora? Continuará a desculpabilização?
É que, não sei se se aperceberam, mas o Benfica ganhou em toda a linha. E ganhou porque é melhor em toda a linha. Porque é demasiado poderoso para não ganhar. Pode não ter melhor treinador, mas tem melhores jogadores. Pode ter um ladrão condenado e alegado traficante como Presidente, mas tem Domingos Soares de Oliveira como administrador de topo da SAD. Pode ter Pedro Guerra como bandarilheiro encartilhado, mas tem Rui Costa como Director Desportivo. Pode ter a porta 18, mas faz negócios como ninguém em Portugal, ao nível do marketing. Pode estar refém de Jorge Mendes, mas ainda consegue jogadores do calibre de Jonas. Pode enfiar barretes como Renato Sanches, mas tem o Seixal que, neste momento, vence em toda a linha quaisquer infra-estruturas que tenhamos em Alcochete. Podem até nem ganhar em futsal, mas ganham em hóquei, em voleibol e, brevemente, serão mais competitivos que nós em andebol, outra modalidade histórica do Sporting onde a incompetência passa por “bloqueio mental”.
Eles desforraram-se deliciosamente de nós em cada canto. O Sporting não lhes pode apontar nada. O Sporting está a braços com uma bancarrota moral que não lhe permite arrecadar louros de nada. Bate recordes negativos uns atrás dos outros. No entanto, o mais grave mesmo é a falta de perspectiva de melhoria. O futuro é sombrio porque nada vai mudar. Os erros repetir-se-ão. A desresponsabilização continuará. O Sporting não tem tempo a perder e, no entanto, continuará a perdê-lo.
Talvez conviesse demonizar menos e trabalhar mais. Seguir o bom exemplo alheio. Começar por baixo. Construir pela base. Profissionalizar. Servir o Clube. Por ora, apenas miséria nos aguarda. Miséria alicerçada em passadismo. À semelhança de tudo neste Sporting, não basta afirmarmo-nos, temos de o demonstrar. Até lá, seremos sempre um clube de ocasião que, de quando em vez, faz uma gracinha.
Para quando, Sporting? Para quando competitividade a sério? Para quando cumprir-se o Clube?
Sporting Sempre
PS: Perdoem-me o texto desconexo. Brevemente lançarei um texto mais estruturado acerca dos vícios e problemas estruturais do Clube a que urge fazer face.
Desde o desaire ocorrido no último jogo muito se tem falado e escrito sobre a relação actual de Bruno Carvalho e Jorge Jesus. Uma falsa questão, na minha opinião.
Antes de prosseguir deixo já claro que Jorge Jesus, do meu ponto de vista, não só nunca deveria ter sido treinador do Sporting Clube de Portugal como não tem, nem nunca teve, a qualidade exigível ao vencimento que aufere. Não quero com isto dizer que é um mau treinador, mas sim “estupidamente” bem pago.
Posto isto, «não adianta chorar sobre leite derramado». Jorge Jesus é treinador do Sporting e com contrato válido para mais do que a próxima época, um “pormenor” que parece ser esquecido por todas as pessoas que se têm pronunciado sobre o tema nos últimos dias. Existe uma relação de trabalho consubstanciada num contrato de trabalho a termo certo que – salvaguardadas as especificidades do mundo desportivo – é regido pela legislação laboral em vigor em Portugal. Se o Sporting quiser resolver o contrato tem de indemnizar o treinador no valor dos seus vencimentos até término do mesmo. Se o treinador quiser resolver o contrato, igual. Se ambos quiserem, por mútuo acordo, resolver o contrato terão de assinar isso mesmo – um acordo – onde poderão colocar cláusulas relacionadas com indemnização que substituirão as do contrato original. Apenas isto, como em qualquer relação de trabalho entre uma pessoa e uma organização.
Outro aspecto que, aparentemente, é ignorado por todos é que Jorge Jesus foi contratado para treinador da equipa de futebol. Como em qualquer contrato de trabalho, do mesmo deverão constar quais as responsabilidades, direitos e obrigações das duas partes. Sendo a função “treinador” e não “director” ou “presidente” (e muito menos “agente”…) não deverá estar estipulado no contrato que é ele que escolhe jogadores ou decide contratações, assim sendo não tem legitimidade para o exigir.
Nos dois parágrafos anteriores nunca utilizei o nome Bruno Carvalho. Por um motivo simples, Jorge Jesus tem contrato válido com o Sporting e não com o representante actual do Sporting. Não obstante, foi Bruno Carvalho quem o contratou com um vencimento absurdo para a realidade do futebol português, quem lhe renovou o contrato no final da época passada tornado o seu vencimento ainda mais absurdo, quem afirma e reafirma que é o seu treinador e o convidou para a sua “Comissão de Honra” no último acto eleitoral – tendo o mesmo aceite. Aliás, Jorge Jesus foi um elemento central nas eleições pois um dos candidatos “colou-se” inquestionavelmente à sua imagem e o outro afirmou categoricamente que o despediria, tendo sido apontada essa afirmação como o principal “tiro no pé” que lhe valeu um resultado pouco expressivo.
Finalizando, Jorge Jesus deve cumprir o contrato que assinou e cumprir as obrigações inerentes ao mesmo – treinar. Bruno Carvalho deve cumprir a função para a qual foi eleito – gerir – e nesse âmbito deveria garantir, não só que o treinador cumpre a função para a qual é principescamente pago, como a contratação de um director desportivo a sério que “desenhe” a estratégia de médio/longo prazo do futebol do Sporting dando ao treinador os melhores atletas de acordo com essa estratégia e com o orçamento.
Tal como no final da peça de Shakespeare, cuja imagem ilustra este texto, se um “morrer” o outro deve “morrer” também. Se Jesus sair, Bruno deve voltar a legitimar o seu mandato – demissão e eleições antecipadas.
62 anos depois o Belenenses voltou a vencer em Alvalade. Exatamente, nem nos mandatos de Godinho Lopes, Jorge Gonçalves e outros presidentes que tanto foram criticados e apelidados de incompetentes, isto aconteceu.
Foi preciso termos um treinador a ganhar 7M euros e o maior orçamento de sempre para o futebol para tal “façanha” ter lugar.
Num jogo que convidava a levar a família, no dia da Mãe, um Estádio quase cheio, com um Sol esplendoroso, que tinha tudo para ser uma festa, ainda com a hipótese remota de incomodarmos o Porto no segundo lugar, seria difícil imaginar cenário mais dantesco.
Houve ainda a particularidade adicional de vermos novamente um ex-treinador do Sporting (Domingos) a tirar pontos ao nosso clube, tal como acontecera com Abel e o Braga na primeira volta, num clube respeitável como é o Belenenses, mas que vinha de uma série de 7 (sete!) derrotas consecutivas. Pelo menos continuamos a levantar a moral de adversários em depressão profunda. Nisso, sempre nos distinguimos e mantemos a tradição de há muitos anos.
Percebe-se cada vez mais que JJ nunca aceitou os regressos de Gauld e Geraldes, tendo torcido o nariz a Palhinha e apenas Podence lá vai tendo algum espaço. Vieram porque o presidente achou que deviam vir, mas JJ jamais vai contar com eles. E o mesmo destino aguardará certamente Iuri na pré-época. Por outro lado, Gelson Dala, que tem assinado promissoras exibições na B também não merece qualquer oportunidade. JJ continua a fazer questão, jornada após jornada, não apenas de provar que ele é quem manda, mas que por ele vem mais um camião de flops caros, para daqui a uns meses vir dizer como agora, que são terceira ou quarta escolha e que são precisos outros. Enquanto isso os nossos jovens vão ficando um ano mais velhos, não têm oportunidades de demonstrar o seu valor e percebe-se que em nada ficam a dever às “estrelas” que vão vindo para o nosso clube.
Nem vou abordar muito o jogo porque não é o mais importante neste momento.
O que importa é perspectivar a nova época e o que podemos esperar com este treinador, porque esta está mais que definido o posicionamento na tabela – terceiro lugar.
E aqui começa o balanço sobre o deve-haver com Jorge Jesus.
Muito se tem falado de que valorizou João Mário e Slimani. Mesmo que isso seja verdade, tratavam-se sempre de excelentes jogadores que não valiam propriamente zero antes dele chegar. Slimani, já era um bom ponta-de-lança e João Mário um jogador em ascensão, que já era um titular na primeira equipa e que também teve depois a montra do Euro para se potenciar. Mas dando de barato que JJ os valorizou, vamos ver o que não se ganhou com Jorge Jesus.
Em primeiro lugar e logo na primeira época, não conseguiu apurar o Sporting para a fase de grupos da Champions. Mesmo com arbitragem tendenciosa, a verdade é que a equipa deixou bastante a desejar em períodos desses jogos com o CSKA de Moscovo. Portanto 12 milhões perdidos. Depois, não contabilizando o recorde de pontos - que não rendeu nem dinheiro nem troféu no Museu - foi possível com o segundo lugar apurar-nos para a Champions. Porém, na fase de grupos, conseguimos a "proeza" de ficar atrás do Legia em quarto lugar e não obtivemos assim mais receitas além das associadas à participação na fase de grupos e voltamos a baixar no ranking.
Por outro lado tivemos um investimento grande em jogadores, que incluiu Elias (2M), Petrovic (2M), André (3M), Alan Ruiz (8M), Castaignos (2,5M), Meli (1M) e Dost (10M). Destes jogadores, só o dinheiro gasto em Dost foi bem aplicado. O resto - quase 20 M, se contabilizarmos os empréstimos de Campbell e Markovic - representaram um investimento muito mau e em alguns tratando-se de jogadores que já vinham com histórico recente que não aconselhava a sua contratação.
Depois desta época quase concluída, e como já se viu, não vamos também ser apurados para Champions League directamente e se não sobrevivermos à pré-eliminatória, até porque o nosso ranking da UEFA baixou bastante nos últimos anos, lá perderemos mais 12M, no mínimo. Isto com um Porto e Benfica do mais pobre que se tem visto nas últimas épocas....
Para além disso, temos de adicionar os custos directos dos salários de JJ. Se na primeira época ganhou 5M de euros, nesta terá visto este contrato melhorado e subido o seu salário para 7M de euros, que se manterá nas próximas duas épocas, ou mesmo se sair será isso que lhe teremos de pagar se o quisermos mandar embora. Estamos a falar de um custo total astronómico de 26 M de euros para as 4 épocas só para o treinador. Aqui houve uma grande irresponsabilidade de quem entregou completamente o futebol do clube a este homem. Mas agora é hora de resolver o problema que foi criado.
E por último, se continuar a não valorizar os nossos jovens e a não apostar neles, teremos de somar também esse prejuízo, porque enquanto prefere Campbell, que vai sair daqui a semanas, Castaignos, que se espera que não continue, não tendo ainda marcado qualquer golo pelo Sporting (tal como Barcos na época passada) ou mesmo Bryan Ruiz, promovido a quase fetiche de JJ e que está uma sombra do jogador da época passada, não dá reais oportunidades aos nossos valores, não lhes permitindo assim adquirir rotinas, pelo que provavelmente só a sua saída ou o seu empréstimo parecem cenários prováveis sem a valorização que poderiam conhecer.
Por isso só posso dizer que estou farto de Jorge Jesus e que deixei de acreditar no sucesso com ele ao leme da equipa. Não quero mais ter de me envergonhar com conferencias de imprensa ou flash-interviews patéticas, em que nunca assume a responsabilidade pelas derrotas, arranjando sempre “bodes respiratórios” para ir na onda da linguagem que utiiliza. Em que acaba por falar dos seus deméritos como fez hoje ao dizer que teve de apostar em jogadores que são terceira ou quarta escolha, esquecendo que foi ele próprio quem os contratou. Preparando terreno para poder exigir mais uns quantos flops, sabe-se lá porquê. Gozando com os sportinguistas e não os respeitando como quando muitas vezes fala do clube e com um discurso que se adequa muito mais ao nosso rival da Segunda Circular do que ao Sporting Clube de Portugal.
E agora presidente Bruno de Carvalho? Espera para ver se o pessoal para a próxima época continua a embarcar na onda do “este ano é que é” e a encher o estádio, a renovar a compra de GB, ou a vibrar com o Pavilhão cuja inauguração vai sendo adiada e que tudo isso chega para a malta ir continuando iludida?
Está na hora de uma vez por todas se acabar com a demagogia barata e o populismo, com as desculpas (vai para o 5º ano de mandato) e queremos ver medidas e atitudes concretas para mudar esta vergonha. E não, os culpados não são apenas os jogadores. Chega!
Osvaldo Ardilles (1,69 m), Lionel Messi (1,68 m), Littbarski (1,68 m), Roberto Carlos (1,69 m), Zola (1,68m), Romário (1,67m) e ... Diego Maradona (1,65m).
O que têm em comum estes jogadores? Além de terem sido excelentes jogadores (dois deles ainda no activo), tinham todos eles menos de 1,70 m.
Normalmente a baixa estatura é entendida como um handicap para um jogador de futebol. Se estivermos a pensar em guarda-redes ou centrais e mesmo ponta-de-lança, embora neste último caso possam existir avançados letais sem presença física imponente (lembram-se de Liedson? – e ainda assim com 1,75m...), dificilmente imaginamos um jogador com grande eficácia nestas posições sem ter uma altura bem mais significativa.
Porém estes jogadores e o seu valor, provam que nem sempre é assim e que esta situação não deve ser encarada como uma fatalidade.
Neste momento, já os leitores perceberam onde quero chegar. Quem viu no sábado a exibição de mais um gigante, Podence, do alto do seu 1,65 m, não pode deixar de esboçar um sorriso de orelha a orelha de esperança que possa estar ali mais uma grande talento do futebol português e mais uma vez vindo da melhor escola de formação do País. Não a que é tão publicitada actualmente, embora claramente esteja a melhorar e localizada lá para os lados do Seixal, mas a de Alcochete, a do nosso Sporting. Claro que para chegar aos pés dos gigantes que mencionámos muito terá de evoluir e trabalhar, mas pelo menos estes exemplos representam a confirmação de que não será pela baixa estatura que Podence não poderá almejar mais altos voos.
Rapidez, técnica, posicionamento táctico, trabalho defensivo, assistências e passes bem medidos – que o diga Dost – tudo isso nos foi servido em Tondela, num repasto que já tardava em constar do menu frugal que temos tido esta época. Apesar de bem conseguida, não foi uma exibição de gala da equipa, mas constituiu uma portentosa apresentação de Daniel Podence.
Jogando pela primeira vez a titular da equipa principal, Podence soube aproveitar a oportunidade concedida para marcar a diferença e justificar mais oportunidades no futuro. Sim, porque a boa forma e o rendimento se atingem com os jogos, as rotinas com os colegas e o acumular de confiança.
Mas voltemos um pouco atrás para fazermos uma viagem pelo percurso deste pequeno grande jogador.
Daniel Podence, nasceu a 21 de Outubro de 1995 em Oeiras, dando início à sua carreira na época de 2002/2003, no Belenenses, onde permaneceria durante 3 temporadas até 2005, altura em que se transferiu para o Sporting Clube de Portugal. Nessa altura, foi também disputado pelo Benfica. Quando questionado sobre isto, Podence declara que foi a mesma coisa que “escolher entre carne ou peixe”. “Era miúdo e depois de ver tanto jogador do Sporting com qualidade… e verdade seja dita, os meus pais e os meus irmãos, como eu era muito novo, sempre me deram apoio para eu ir para o Sporting. Eu também simpatizava muito com o Sporting e isso foi meio caminho andado para lá."
Nas camadas jovens do Sporting, privou com vários jogadores, tais como Domingos Duarte, José Postiga, Mama Baldé e Rafael Barbosa. Foi campeão nacional de Junores B e de Juniores C. Posteriormente e já na equipa B, estaria com Illori e Dier, por exemplo. Na equipa B permaneceria 4 épocas, de 2012 a 2016, tendo ainda com Marco Silva conhecido a sua estreia pela equipa principal, onde alinhou num total de 6 jogos na época de 2014/2015. Depois de ter feito a pré-época de 2016/2017 com Jorge Jesus, acabou por ser emprestado ao Moreirense, juntamente com Francisco Geraldes de quem é grande amigo. Já neste clube viria a conquistar a Taça Liga na presente edição. Em Janeiro regressou ao Sporting tal como Geraldes. Ao contrário deste último que só agora teve os primeiros minutos, Podence tem tido mais oportunidades, ainda que só neste jogo tenha sido titular. A propósito deste regresso ao Sporting declararia: "Não posso encarar isto como uma coisa do outro mundo, é um patamar onde eu já queria estar há muito tempo. Tenho de olhar com naturalidade para tudo isto e mais virá com o tempo".
Este extremo esquerdo, que também pode jogar à direita e em apoio ao ponta-de-lança, tem na velocidade uma dos seus principais atributos, ele que se considera também critativo e explosivo, comparando-se a Gelson e Matheus. Não se tem distinguido propriamente pelos golos que marca, mas mais pelo que contribui para a manobra colectiva.
Ainda em relação ao jogo de Tondela, Podence publicou uma foto onde surge abraçado a Dost, quando festejaram o primeiro golo, nascido de um passe de Podence. Geraldes, seu companheiro de viagem, aproveitou para com bom humor lhe dizer: “Estás bem? Com essa altura deves ter vertigens!”, para logo depois acrescentar: “calma pessoal, a altura é inversamente proporcional ao seu talento”.
Para aqueles que lhe chamam o “Messi português” responde que Messi só há um e que prefere não se colar a rótulos, apenas deixar a sua marca, sendo ele próprio.
Depois desta auspiciosa estreia a titular, apenas se espera que Podence possa ter as oportunidades que outros têm tido, sobretudo quando são contratados em outros países e com custos de aquisição/empréstimo consideráveis. Tem a palavra Jorge Jesus...
No sábado à noite, o Sporting jogava contra um adversário a quem não conseguiu vencer em Alvalade nas duas ocasiões em que o Tondela esteve na Primeira Liga e contra o qual, na única vez que tinha defrontado fora, apenas tinha ganho com grande dificuldade e por um golo.
Isto na sequência de mais um empate caseiro deprimente com o Guimarães, deixando a equipa definitivamente afastada da luta pelos dois primeiros lugares e tendo de se preocupar com o Braga, que está na quarta posição. Ainda assim, registe-se que esta última equipa tem somado maus resultados, não tendo colhido até agora benefícios da aposta em Jorge Simão.
Mas voltando ao jogo de Tondela, com a lesão de Adrien e o castigo de Alan Ruiz e Bruno César, teriam necessariamente de se registar novidades no onze titular. Tal como já tinha deixado antever na conferencia de imprensa antes do jogo, Jorge Jesus entregou a titularidade a Podence e Matheus, tendo colocado Bryan Ruiz a fazer de Adrien.
E a verdade é que a equipa rubricou uma boa prestação, tendo registado, sobretudo na segunda parte, alguns momentos de bom futebol.
Rui Patrício, embora com pouco trabalho, respondeu presente em 3 intervenções muito importantes, não tendo qualquer culpa no golo do Tondela. Schelotto, parece estar de volta ao registo das últimas jornadas da época passada... nunca vai ser um tecnicista, mas corre que se farta, cruza muitas vezes mal e lá vai compensado com o voluntarismo o que lhe falta em talento e acerto. Não deixa de mostrar à saciedade que é mesmo preciso ir ao mercado buscar outro defesa direito, pois neste momento nem sequer tem alternativa no plantel à altura. Do outro lado, Marvin, continua a registar as habituais limitações, e apesar de ter contribuído para o lance do primeiro golo, não esteve particularmente bem. Continuamos a ter um defesa esquerdo diferente em cada jogo – até já Esgaio fez a posição, além de Jefferson - e assim é complicado também. A ver se, de uma vez por todas, se vai ao mercado buscar um lateral esquerdo com qualidade e que tenha fiabilidade quer a defender, quer a atacar.
Relativamente aos centrais, Paulo Oliveira com a sua sobriedade e simplicidade de processos esteve melhor que Coates, que é quem disputa com Murillo o lance do golo do Tondela.
Já William esteve bem e pendular, regressando aos poucos ao nível que o projectou quer no Sporting, quer na selecção. Bryan Ruiz, que assumiu as funções de Adrien, não revelou a combatividade do seu colega lesionado a defender, embora tenha contribuído para as acções ofensivas. Gelson, que costuma ser o abono de família da equipa, esteve algo apagado e inconsequente.
Matheus começou menos bem, teve direito a um puxão de orelhas de Jorge Jesus e acabou por melhorar assinando uma boa segunda parte, fazendo a assistência para o segundo golo e estando no lance que viria a originar o penalty que dá o 4º golo.
E faltam os 2 grandes destaques individuais... Bas Dost, que assinou um poker, feito muito raro, tendo convertido dois penalties e falhado um outro. Mostrou o habitual instinto matador e revela-se a cada jornada um ídolo para os adeptos. Por último Podence que apesar da sua altura, aproveitou muito bem a titularidade, assinando excelentes jogadas e apontamentos. Não esteve sempre bem, mas fez uma grande exibição e agora vai ser uma dor de cabeça para Jorge Jesus, se o mantém a titular ou se a devolve a Alan Ruiz. Pela prestação de sábado, não restam grandes dúvidas de quem a merece... não está em causa que o argentino não seja um bom jogador, mas é óbvio que Podence empresta algo mais ao jogo em velocidade e em trabalho defensivo, por exemplo.
Entraram ainda Palhinha, aos 79 minutos, que não comprometeu e finalmente (!) Francisco Geraldes, ainda que apenas 5 minutos. Mesmo assim, ainda deu para sofrer um penalty que desta vez Bas Dost não converteria. O holandês já tinha “ameaçado” pela forma algo denunciada como marcara as outras grandes penalidades e desta vez não conseguiu mesmo marcar aquele que seria o seu 5º golo no jogo de Tondela. Jorge Jesus, tem de continuar a ensinar Dost a marcar penalties... mesmo assim nada disto belisca o grande jogo deste gigante. Tivessemos nós acertado nas outras aquisições e contratado laterais, se calhar a história na classificação seria agora diferente...
O Tondela ainda teve tempo para se empertigar na reação ao golo do Sporting, vindo a conseguir o empate e algumas oportunidades, mas globalmente acabou por se ter de render ao melhor futebol dos leões.
O árbitro, Bruno Paixão, um dos fenómenos mais incompreensíveis da arbitragem portuguesa, pois é talvez um dos recordistas de actuações polémicas, esteve surpreendentemente bem e ajuizou adequadamente os lances mais duvidosos.
Agora é continuar nesta toada, já no próximo jogo em casa com o Nacional. A ver se esta aposta nos mais jovens é para continuar, ou se voltam ao banco e à bancada. Não serão eles que nos resolverão todos os problemas nem podem ter essa responsabilidade, mas é uma evidência que fazem parte da solução e provavelmente pode estar neles a chave de uma próxima época que nada tenha a ver com esta. Não esquecer ainda Iuri Medeiros que ainda ontem brilhou contra o Marítimo, assumindo-se como o abono de família do Boavista. Depois é só complementar o talento destes jovens com 4 ou 5 contratações que verdadeiramente acrescentem qualidade ao plantel – as tais contratações “cirúrgicas” - e poderemos ter alguma esperança. Resta saber se a nossa estrutura conseguirá resistir a comprar muito, caro e mau (à excepção de Dost) tal como foi apanágio nesta época e do qual sofremos as consequências que se conhecem, não podendo aspirar a mais que o terceiro lugar e assistindo de longe à luta entre Benfica e Porto pelo título.
Vamos aguardar e esperar que as coisas corram pelo melhor. A forma como se terminar esta época, nomeadamente em relação às apostas de Jorge Jesus e as mexidas na estrutura que terão de acontecer, mas que ainda não se conhecem – para além da eventual promoção a Director Desportivo de André Geraldes, algo que só pode preocupar os sportinguistas que gostam de ver competência ao serviço do clube e não outros factores a imporem-se nas decisões - ditarão muito do que poderemos esperar da próxima época.
Estamos a chegar ao final de uma campanha que é um autêntico case study. Nunca na vida do Sporting se debateu tão pouco o futuro e o presente do Clube e da SAD em detrimento da vida e da personalidade dos candidatos.
Esta forma de fazer campanha é sintomática do estilo aplicado nos últimos anos. Desde 2011 que o Sporting se começou a fraturar internamente. O Sporting é hoje um clube altamente dividido, sem poder e completamente à deriva e à mercê de investidores desconhecidos e dos devaneios de um Presidente que assumidamente dividiu para reinar e construir uma carreira e claro uma carteira.
Mas vamos navegar pelos três universos que vão a votos. Presidente e equipa, Mesa da Assembleia Geral e Conselho Leonino. Se para a presidência a luta começa a ganhar contornos de ser mais disputada que há semanas passadas, as candidaturas para a Mesa e para o Conselho Leonino podem ser uma grande surpresa.
Marta Soares é para uma grande maioria um dos piores Presidentes de sempre, a par com Eduardo Barroso. Ambos bailarinos e bipolares, navegam mediante interesses próprios e até obscuros como foi explicado por Daniel Sampaio numa entrevista que deu há uns anos.
Marta Soares não sabe nem quer saber. Tem uma atitude que roça até o nível saloio e não compreende os estatutos, que curiosamente, é o presidente do órgão que os deveria obrigar a cumprir. O exemplo dos Cadernos Eleitorais é mais um triste episódio num Sporting cheio de dramas e de cenas muito tristes nos últimos anos.
Este é um órgão de grande importância. A candidatura de Rui Morgado pela Lista de Pedro Madeira apresenta-se como uma grande e óbvia alternativa à incapacidade e desnorte de Marta Soares. Aqui a mudança é quase obrigatória.
No Conselho Leonino temos três listas a votos. De enaltecer a Lista que somente vai a votos para este Órgão Consultivo. Sportinguistas anónimos, gente de estádios e pavilhões, gente educada e presente, gente que teve a coragem e acima de tudo, cumprem com o seu dever e obrigação de se fazerem ouvir e de se apresentarem como alternativa. Na minha opinião vão ter um bom resultado, e verdade seja dita merecem.
Por outro lado a Lista da candidatura de Bruno de Carvalho é um filme de terror. O regresso dos “cancros” ao Sporting. Cancros foi o termo utilizado pelo próprio presidente para denegrir Ricciardi e outros antigos dirigentes que agora se apresentam e andam aos abraços por Alvalade. O que hoje é verdade amanhã é mentira, e verdade seja dita, esta lista ao Conselho Leonino é para rir, pois esta gente não merece uma lágrima que seja.
E claro, olhemos para os dois candidatos, Pedro Madeira e Bruno de Carvalho, dois jovens, e o Sporting precisa desta juventude. Bruno de Carvalho teve quatro anos para se adaptar, para aprender, para se enquadrar com a responsabilidade que é ser Presidente de um Clube como o Sporting Clube de Portugal. Mas tarda em perceber e comportar-se como tal. O Clube está fraturado, os adeptos combatem entre si, há ameaças, há processos, há um tom baixo e sem perfil institucional. O Sporting é hoje um Clube gerido ao balcão da taverna, onde tudo se resolve com ataques ao rival Benfica, que para nossa tristeza, vai a caminho de quatro títulos em quatro anos de mandato de Bruno Carvalho. Nas modalidades e no futebol o terror é o mesmo. Muito dinheiro aplicado, e poucos ou nenhuns títulos. O Pavilhão tem mérito de Bruno, mas não podemos esquecer todo o trabalho feito pelas anteriores Direções no processo de resolução de terrenos e licenças com a autarquia. Sem estes processos nada aconteceria. Mas Bruno construiu, está quase pronto, e todos queremos que seja uma casa que muitas alegrias nos ofereça.
Pedro Madeira é o challenger destas eleições. Avançou sozinho num momento em que o Sporting estava ainda a lutar para vencer praticamente todas as competições. Sozinho foi conquistando apoios, garantindo votos, tem hoje uma Lista composta por antigos dissidentes de Bruno de Carvalho e de gente que muito deu ao Sporting e ao desporto nas ultimas décadas. Esta é uma Lista que deve ser bem avaliada e bem ponderada. Não é um capricho, é efetivamente um conjunto de Sócios muito válidos e preparados para alterar o rumo do Sporting nos próximos anos.
Pedro Madeira tem vindo a subir na sua confiança e notoriedade entre os Sócios. A poucas horas do Debate, se Pedro Madeira se conseguir afirmar definitivamente perante a plateia Leonina, tudo pode acontecer no dia 4 de Março. Pedro Madeira tem ainda trunfos na manga, como os investidores, sponsors, treinador e diretor desportivo. Ao que se vai ouvindo todos estes nomes serão fortes, e tudo será provado e comprovado de forma efetiva sem show mediático mas sim no sentido de começarem a trabalhar logo no dia 5.
O episódio do despedimento de Jorge Jesus foi mais um ato de coragem do candidato. E uma grande maioria tem esse desejo. E acredito que não será difícil chegar a esse acordo. Jorge Jesus está intimamente ligado a muito do que se passou nos últimos dois anos no departamento de futebol. Esteve nos negócios, nas compras, nas vendas, e isso pode ser o ponto de partida para colocar o lugar à disposição. Jorge Jesus pode ter muitos defeitos mas continuo a acreditar que e um Homem de caráter, do Sporting e que tem todas as qualidades para dar o salto para outro campeonato. Jorge Jesus sairá pelo seu próprio pé, pois perderá a confiança da direção e claro, perderá a confiança de quem realmente tem e deve ter o poder, os Sócios e Adeptos.
O Sporting está numa fase critica. Não é de agora. Mas vivemos atualmente de uma fraqueza enorme para os nossos rivais. Bruno de Carvalho dividiu o Clube, criou um conflito interno para governar. Se Pedro Madeira conseguir aproveitar esta fraqueza sairá vencedor das eleições. Bruno está desgastado, desacreditado, refém de um treinador autista que renega de forma perentória o nosso ADN de clube formador. E claro, o aumento brutal de emissão de VMOC´s, processo tão criticado por Dias Ferreira no passado e que agora evita tocar ou explicar aos Sócios e Adeptos o problema que temos entre mãos. O Clube e a SAD estão no limbo, continuam na mão da banca e de investidores. Os empresários de jogadores não nos consideram, a Federação de Futebol, a Liga de Clubes e a APAF não nos respeitam.
Um Clube orgulhosamente só só pode ter um destino. Ir definhando e desfalecendo sozinho, jogo após jogo, decisão após decisão até ao tombo final, que muito nos irá custar. Reerguer este Clube é uma missão de todos os associados e adeptos, que comece já no dia 4 com um voto de consciência. Basta! O Sporting não é isto.
O Sporting jogava ontem a última cartada para poder ainda almejar conseguir algo esta época, um lugar na Champions na próxima época e o acesso às receitas que são vitais para manter o clube competitivo e a lutar por objetivos ambiciosos.
Na abordagem ao jogo, Jorge Jesus contava com um handicap claro, a ausência de William e para o colmatar fez avançar Palhinha, escolha que não se pode criticar, porque é a alternativa que existe para a posição.
Já muito mais incompreensível foi ter-se apostado em Matheus de início num jogo desta responsabilidade. Não porque o jogador não tenha valor, mas porque não está claramente a atravessar um momento de forma que lhe permitisse encarar esta partida com a confiança necessária. Não tem quase tempo de jogo na Primeira Liga, viu já várias vezes o treinador dar a entender que não apostava nele e além disso não tem rotinas com a equipa.
Mas isso remete-nos para o início da época. Se todos nos recordamos, na altura da pré-época, Podence, Palhinha e outros tentaram justificar perante o treinador ter valor para pelo menos merecerem ficar no plantel. E o que aconteceu? Perante adversários muito difíceis, sem ainda terem rotinas de jogo e sem enquadramento com outros jogadores mais experientes e de qualidade, foram lançados às feras. Claro que não correu bem. Jorge Jesus conseguiu o que queria, dar a entender que com a formação não dava e que teria de ir contratar vários jogadores. O Sporting gastou dinheiro e investiu em vários jogadores, mais uma vez sem contratar para as laterais, posição que assumidamente já se reconhecia estar mal servida e o resultado foi o que se viu. Depois de gastar vários milhões de euros, a equipa chegou a Janeiro já quase sem objetivos e com a única preocupação em despachar o que tinha vindo e nada tinha mostrado. Alguns foram vendidos, outros emprestados, outros ainda esperam por colocação.
Em sentido contrário, fizeram-se regressar jogadores jovens da formação, dando a entender que essa era novamente a aposta. Entretanto, foi saindo para a Comunicação Social que a Direção ia rever as funções de Jorge Jesus e diminuir-lhe os poderes de contratar quem entende, levando-o a apostar mais na formação.
Depois do jogo de ontem e sobretudo da inenarrável conferencia de imprensa de Jorge Jesus, a ideia que fica é que o treinador do Sporting quer reconquistar novamente espaço de manobra. Quer mais uma vez justificar a aposta em contratações caras e provavelmente fracassadas e que a formação nunca será para ele uma paixão ou uma aposta verdadeira. Para isso não hesita em queimar os nossos jogadores jovens, quer na forma como os lança em campo, quer como fala deles. Sabia que ao lançar os jovens, poderia usar essa desculpa se algo corresse mal. Claro que Palhinha teve alguma culpa na forma como aborda o lance do primeiro golo, mas este só acontece porque Schelotto não está onde devia.
Mais uma vez os laterais, pois Marvin também esteve novamente a um nível lastimoso, comprometeram a equipa. Mas neste mercado de Inverno, enquanto alguns foram buscar Soares, jogador que já nos foi proposto antes, outros optaram (ou foram obrigados por limitações financeiras?) por não contratar ninguém.
A diferença entre acreditar ainda que se podia ir buscar o título e estar resignado à luta pelo terceiro lugar.
Jorge Jesus disse, entre outras alarvidades na conferencia de Imprensa, que “com a formação não vamos lá”. Um recado com destinatário certo: a Direcção e também os adeptos. Cabe agora a Bruno de Carvalho dar a resposta adequada a esta provocação e a todo o comportamento que o treinador tem tido, bem como as inúmeras faltas de respeito que tem mostrado para com o Sporting, tal como ter andado em grande parte do tempo a falar do rival, dos jogadores que lá lançou e do que lá conquistou.
Chega! Nós é que lhe pagamos 6 ou 8 milhões/ano (é sempre um enormidade) para nos dar títulos, para nos potenciar jogadores e não para os desvalorizar, para encontrar soluções e não desculpas esfarrapadas em que ele nunca é o culpado. E meu caro Jorge Jesus, convença-se de uma vez por todas, que há um equilíbrio entre apostar em jovens e contratar acertadamente. Algo que você claramente não quer e não sabe fazer.
Temos um treinador que não assume responsabilidades quando as coisas correm mal, mas que reivindica méritos quando correm bem. Infelizmente esta época não há méritos para assumir.
Numa altura em que se aproximam eleições, é bom que os sócios não associem críticas legítimas ao que se está a passar com a equipa de futebol, a este processo eleitoral. Sob a pena de perdermos mais tempo e de não tomarmos as melhores decisões. A época está perdida e vai ser desastrosa e a recuperação novamente dolorosa.
Pedro Madeira Rodrigues não tem sido hábil na forma como conduz a campanha. Cometeu já várias gaffes que lhe podem custar caro. Mas uma coisa é certa, seja quem for que saia vencedor das eleições, Jorge Jesus é neste momento parte do problema e não da solução. E tudo indica que isso vai continuar a acontecer nos próximos dois anos. É que por culpa de Bruno de Carvalho, o Sporting está amarrado a este treinador por uma indemnização monstruosa. A menos que ele se encha de vergonha e peça para sair, ou alguém o venha buscar e seja suficientemente tolo para lhe pagar o que nós pagamos... Portanto, agora resolvam o imbróglio que criaram.
Entretanto nas redes sociais, vai-se desculpabilizando tudo isto e dizendo que a culpa é dos adeptos. Esses malandros que ficam aborrecidos de estarem em terceiro lugar. Os tais que servem para encher estádios, comprar Gameboxes, etc, mesmo com a equipa a não ganhar nada.
Os sportinguistas entretanto vão sofrendo como sempre aconteceu e só lhes resta esperar por dias melhores e continuar a apoiar um clube que tão mal servido tem sido em termos de quem o dirige e orienta.
Muito se tem especulado acerca da crise de resultados do Sporting. Muito se tem presidencializado a questão, colocando o ónus dos recentes desaires na pressão colocada nos jogadores, nas cenas inqualificáveis em Chaves, etc. Tem-se negligenciado estudar os comportamentos colectivos da equipa que a relegam presentemente para um frustrante 3º lugar (à condição...) a 7 pontos do rival Benfica quando no início da época, face à aparente qualidade à disposição do treinador e às ambições claramente assumidas pela Direcção e Equipa Técnica, se apontavam todas as baterias ao título.
O resto é história. Eliminados da Liga dos Campeões antes do 6º jogo; impossibilitados de participar no prémio de consolação chamado Liga Europa; eliminados da Taça de Portugal num jogo onde se rubricou a pior exibição da época; eliminados da Taça da Liga pela média de idades.
Embora tocando aqui e ali em questões do foro directivo, o presente texto analisará o desenho táctico do Sporting Clube de Portugal, partindo deste texto, do autor Daniel Oliveira, do blog Ontem Vi-te no Estádio da Luz, espaço que me habituei a frequentar e a qual aproveito para saudar publicamente. Denuncia o consulado de Luís Filipe Vieira; luta em prol de alternativas credíveis para liderar um clube centenário; discutem o clube, um pouco como todos nós procuramos fazer neste nosso espaço; e, sobretudo, percebem muito de futebol. Exceptuando um dos escribas do blog, todos os autores demonstram um domínio muito acima da média das subtilezas do desporto-rei. Não tenho sequer a pretensão de me equiparar a eles. Pretendo apenas contribuir para a discussão acerca do momento do Sporting, desta vez sob a perspectiva do que é produzido dentro das quatro linhas.
SPORTING SEMPRE
Quando se iniciou o mandato de BdC no Sporting, os pressupostos passavam por manter uma aposta na formação, que sempre foi a matriz do clube e em adequar o treinador aos princípios e interesse do Sporting. Este propósito foi aliás bem explícito no seu programa eleitoral:
Para quem considera que foi a aposta na formação o que nos impediu de obter títulos, talvez fosse bom antes refletir quais os jogadores, com origem no Sporting, que mais se distinguiram no futebol e se vieram maioritariamente da formação ou de contratações... o problema do Sporting sempre foi, não a aposta na formação, mas a fraca qualidade da esmagadora maioria das contratações realizadas e o facto de não conseguir rentabilizar da melhor forma os talentos da formação no plano desportivo e financeiro. E isso, na verdade, mudou com esta Direcção, que não deixou sair precocemente os jogadores mais promissores da formação. Já na questão das contratações o desastre continuou com mais de 100 jogadores contratados e com muito poucos a justificarem a sua aquisição.
O primeiro treinador escolhido, Leonardo Jardim, encaixou que nem uma luva nesta filosofia, personificando um técnico competente, que gosta de trabalhar com jovens e de os desenvolver – veja-se o esplêndido trabalho que está a assinar no Mónaco – e que teve ainda o mérito de construir uma equipa competitiva e de baixo orçamento, erigida sobre os escombros da época em que ficámos em 7º lugar.
Infelizmente não ficou para nova época e após a sua saída, contratou-se Marco Silva e ao mesmo tempo, fez-se uma primeira alteração no paradigma do Sporting. Apostou-se em jogadores jovens, mas na grande maioria estrangeiros, alguns ainda assim com custos de aquisição a rondar os 2-4 milhões de euros na expectativa de que se viessem a desenvolver e a valorizar. Passados 2 anos já decorreu tempo suficiente para podermos concluir que dificilmente algum deles virá a dar mais-valia financeira ou desportiva ao Sporting. Nesta segunda época e sem ainda existir qualquer estrutura organizada para o futebol digna desse nome, achou-se que o treinador não devia ter qualquer voto nas aquisições, as quais, pelo que se sabe, foram decididas por Bruno de Carvalho e Inácio, pedindo-se ao treinador que apresentasse uma equipa competitiva com base nas mesmas. Mesmo com lacunas evidentes, como foi o caso dos centrais (recorde-se que fomos jogar à Luz com Sarr e Maurício por exemplo) e em outros sectores, achou-se que foi o treinador quem não rentabilizou de forma devida os jogadores contratados, que se acreditava possuirem assim elevado potencial.
Embora não o admitindo publicamente, é lícito supor que a Direcção percebeu o erro cometido na composição do plantel nessa época e ao contratar Jorge Jesus, um treinador que era acusado justamente de não apostar na formação no Benfica, mudou-se a filosofia ainda mais radicalmente. Por um lado porque o treinador gosta de ter voz activa em tudo o que se relaciona com o futebol e por outro porque o Sporting não tinha estrutura alguma preparada para esse efeito. Assim foi Jorge Jesus que ficou não apenas como treinador, mas como responsável pelo scouting e pela decisão das contratações. Entretanto e ao que parece a pedido de JJ, foram também recrutados Octávio e Manuel Fernandes (que tinha sido dispensado do clube no início deste mandato) cujo papel e funções no Sporting actual são muito pouco claros. Já no Benfica tinha algum papel nessa escolha, mas nunca com a liberdade e poderes que passou a ter no Sporting. Ainda assim, as contratações da época passada tiveram algum aproveitamento, como foram os casos de Bryan Ruiz, Bruno César, Teo Gutierrez (pelo menos enquanto quis jogar), João Pereira e Naldo. Claro que existiram flops como Aquilani, Barcos (!), entre outros, mas o saldo até foi positivo. E ainda se deu oportunidade a jovens da formação como Rúben Semedo (embora por necessidade devido à falta de centrais fiáveis) e Gelson, por exemplo.
À entrada para esta época, Bruno de Carvalho decide prolongar o contrato do treinador Jorge Jesus, facto que deverá ter comportado novo aumento de ordenado em relação ao anterior, o qual era já de 5M/ano, tal como divulgado pelo site Football Leaks. Ficou a ganhar no mínimo 6M/ano (há quem fale de 8M...) e isso tem como consequência, que se o Sporting pensar em o despedir, tenha de lhe pagar os ordenados que faltam para o resto do contrato, o que poderá totalizar de 15-20M de euros. Nunca o clube esteve desta forma amarrado a um treinador. Uma aposta arriscadíssima que diminui o campo de manobra desta Direção e da próxima, seja com este ou outro presidente. Para agravar tudo isto, a aposta nas aquisições desta época, constituíu um rotundo fracasso, muitas delas de custo elevado e sem mais uma vez se colmatar a principal lacuna que são os laterais, o que ainda continua por fazer e se agravou ainda mais, com a saída recente de João Pereira. Dos atletas contratados, apenas se revelaram verdadeiros reforços Dost, Beto e Campbell (empréstimo). Entretanto dispensaram-se vários dos nossos jovens que ficaram tapados pelas contratações que afinal nada acrescentaram à equipa. Pelos vistos, agora vai tentar emendar-se a mão no tal falado emagrecimento do plantel…
Mas voltando ao tema do post… deve o treinador enquadrar-se na estrutura ou o treinador é que deve decidir tudo na estrutura? Como todos nos recordamos, o Porto alicerçou o seu domínio no futebol português numa estrutura fortíssima, com contratações baratas e de jogadores talentosos que depois eram bem rentabilizados, algo que era facilitado pela boa carreira da equipa interna e externamente. Além disso, o factor arbitragens era mais que favorável aos interesses dos portistas e tudo funcionou a contento durante 3 décadas. Chegava a dizer-se que qualquer treinador chegaria ao Porto e arriscava-se a ser campeão. E era verdade. Mais recentemente, o Benfica, depois de uma primeira vitória de JJ, começou a ser cada vez mais influente nos órgãos de decisão, quer em termos de arbitragem quer na Federação. Tanto assim foi, que se começou a falar em "colinho". E mesmo depois de JJ sair, Rui Vitória continuou a ganhar e pôde mesmo rentabilizar alguns jovens da formação. Este treinador encontra-se assim inserido numa estrutura ganhadora e eficaz, que além da influência que tem nos órgãos de decisão, passa uma mensagem única e forte aos media, ataca de forma impiedosa e selectiva os rivais e sobretudo o Sporting, o qual apenas responde no Facebook pelo presidente ou por Nuno Saraiva ou ainda em blogs afetos ao clube, de forma desorganizada e pouco eficaz. Ou seja, mais uma vez há no rival uma estrutura forte e que, embora dê todas as condições ao treinador para triunfar, está bem para lá dele. No nosso caso... preferimos alguma histeria e falta de selectividade na resposta que damos ao rival, ficando até sobre o Sporting e os seus dirigentes o ónus de serem os incendiários e os provocadores e não exercemos qualquer influência nos órgãos que verdadeiramente são determinantes no futebol português.
Portanto, é fundamental ter uma estrutura coesa e sólida. E o que se entende por estrutura? Um todo organizado com papéis bem definidos e articulados entre Presidente, Comunicação, treinador, scouting, relações com empresários e outros clubes, lobbying junto dos órgãos de decisão e da Comunicação Social. Para além disso, a estrutura forte sobrevive facilmente ao treinador, aquela em que o treinador é o único decisor desaparece ou com o seu falhanço ou saída.
Urge pois repensar todo o modelo do futebol e posicionamento do Sporting no panorama nacional. Algo que não foi feito do melhor modo em 4 anos de mandato, que até deu sinais de ter piorado com o desgaste da imagem e do discurso do presidente e que terá obrigatoriamente de ser feito pelo próximo presidente do Sporting, seja ele o actual ou corporizado numa alternativa. Infelizmente este desiderato encontra-se bastante dificultado pelo contrato ainda em vigor com este treinador, ao qual foram conferidos poderes muito alargados e que está escudado por uma indemnização pornográfica.
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