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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre

03
Mai17

A Liga dos pirómanos

por Krassimir

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A poucas jornadas de o Benfica celebrar  – ao que tudo indica – um inédito tetra vão-se multiplicando os sinais de completo desnorte, despudor e falta de bom senso que os dirigentes dos principais clubes vão fazendo questão de demonstrar ad nauseam.
Dentro de campo, o nível de futebol praticado tem sido na maioria dos jogos bastante pobre. O líder do campeonato, lá vai conseguindo ganhar jogando de forma medíocre, sem chama, mas no final os 3 pontos é que interessam, como se viu no último jogo com o Estoril.
O Sporting ganhou em Braga, merecidamente, mas ainda assim com sobressaltos, que só a eficácia de Dost e a irreverência de Podence conseguiram ultrapassar.
O Porto consegue manter a ilusão mais algum tempo, derrotando um adversário (Chaves) que já lhe causou amargos de boca nesta época, mas está muito longe de convencer.
Mas é fora do campo que o “espectáculo”, representado por um outro campeonato de baixaria e de guerra aberta, continua a todos os títulos deprimente.
LFV, com a pose e o cinismo habituais, descarta responsabilidades e decide avançar com propostas, em que se destaca a penalização com a retirada de pontos aos responsáveis de clubes que ousem criticar a arbitragem. Claro, que quem tem uma rede bem montada de comentadores e paineleiros não precisa de falar mal da arbitragem na primeira pessoa, como já fez várias vezes no passado. Aliás, quem neste momento sente que não tem propriamente a hostilidade dos homens do apito – apenas para usar um eufemismo - conviverá bem com este tipo de regras. Mas não me parece que isto tenha pernas para andar. Em primeiro lugar, porque qualquer profissional está sujeito a críticas, seja na política, no desporto ou em qualquer ramo de actividade. Era o que mais faltava que não se pudesse criticar o trabalho de um árbitro ou de qualquer outro profissional... A lei do silêncio, ou censura nunca será resposta, o que não invalida que algo tenha de se fazer para pôr cobro a este deplorável estado de coisas. Além disso, os clubes que têm milhões de adeptos não devem ser penalizados pelo destempero verbal dos seus dirigentes. E por último não me parece provável que esta proposta colha o apoio dos clubes em geral, para além da boa receptividade que pelos vistos a directora-executiva da Liga, Sonia Carneiro, lhe atribuiu.
O Sporting avança com o pedido de penalização aos comentadores televisivos pelas suas declarações. Aqui será complicado porque também estamos no domínio da livre expressão individual, sendo muitas vezes difícil demonstrar a responsabilidade dos clubes no discurso destes personagens, embora ela seja infelizmente uma realidade. Ao mesmo tempo pede uma cimeira, com vários agentes, desde presidentes de clubes, a dirigentes federativos, passando por governantes e diretores de canais de TV.
E isto tudo ainda antes de terminar a época... dando um tal espectáculo, que até o El Pais LINK, através de um artigo do seu correspondente em Lisboa, já publicou uma notícia a denunciar os presidentes do Sporting e do Benfica, como incendiários.
Então o que fazer? Tal como dois meninos mal-comportados, ou estes dois senhores e respetivos acólitos, tomam juízo, ou alguém tem de os colocar de castigo... Está na hora dos governantes começarem a endurecer a legislação, a pressionar a Federação e a Liga para tomarem medidas. Tem de se acabar com o clima belicista, de autêntico far-west que impera no futebol português.
Os canais de TV e os directores de jornais, sobretudo os desportivos, mas também outros, têm de ser chamados à responsabilidade, quando em vez de contribuírem para serenar os ânimos, são também grandes culpados por esta completa vergonha.
Mas não podem ser os réus de toda esta situação a arvorarem-se o direito e a legitimidade de assumirem a bandeira do pacifismo e da regeneração do futebol. Não podem ser os mesmos a atirarem pedras, esconderem a mão e depois pedirem penas para quem agride. Isto não faz sentido nenhum... 
O tempo e a capital de credibilidade dos (destes) dirigentes desportivos para apagar o incêndio que eles próprios atearam e estimularam está a acabar. Neste momento, é complicadíssimo que sejam levados a sério, mesmo que apresentem propostas positivas. 
Que outros se cheguem à frente e coloquem termo a isto. Para bem da sanidade de quem quer continuar a fazer do futebol português uma festa e um espectáculo em que vale a pena investir tempo e dinheiro.

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Na madrugada de sábado morreu um adepto junto ao Estádio da Luz. Num mundo em que as tragédias, as barbaridades e os actos cruéis ou sanguinários se tornaram banais e recorrentes, o risco é que mais uma vez encolhamos os ombros, assobiemos para o lado e que esperemos tranquilamente pela próxima manifestação de selvajaria e de barbárie. Provavelmente nem teremos de esperar muito e isso não deixa de ser inquietante.

Foi assassinado um adepto que nem era português e que estava em Portugal, acompanhado de mais três adeptos da "equipa viola", para assinalar a geminação entre a "Juventude Leonina" e a claque "Viola Club 7 Bello 1965". Mas isso para o caso é o menos importante. Um homem com nome e cara, Marco Ficini, de 41 anos, que tem agora uma família para o chorar e que representa uma tragédia a mais neste mundo louco. Ainda há poucos dias assistimos a um adepto a ser lançado mortalmente de uma bancada na Argentina por alegadamente pertencer a outro clube (o que pelos vistos até seria falso, mas que nunca serviria de justificação). Estamos decididamente num caminho perigoso, em que o extremismo e o fanatismo ganham terreno a cada dia que passa. E isso é transversal a vários sectores da sociedade.

Nem sequer interessa muito destacar os pormenores selváticos que rodearam a morte deste adepto italiano e que ainda não se conhecem na sua totalidade, e que vão para além de intencionalidade clara de matar numa agressão cobarde usando um veículo, tendo como pano de fundo o futebol. Morreu um homem assassinado, numa morte não só evitável como condenável. Só isso devia ser suficiente para sobressaltar as nossas consciências, para nos fazer pensar e reflectir.

Podemos sempre dizer e bem que não devia estar naquele local àquela hora, tal como adeptos do Benfica ou de outros clubes já estiveram junto a estádios de rivais em outras ocasiões. É um facto. De qualquer forma estamos ainda num país livre e não num campo de guerra e nada dá o direito a alguém de matar seja quem for. Isto não pode ser desculpado, justificado, ou muito menos compreendido.

Na reacção a isto tivemos os dirigentes dos dois clubes – Sporting e Benfica – num espectáculo mais uma vez deplorável. Um (BdC), aproveitando o facto para lançar um convite a LFV para estar consigo na tribuna de honra, carregado de indirectas ao presidente rival e à sua ligação às respetivas claques, mostrando que mais que uma tentativa séria de pacificação no futebol português, pretendia aproveitar-se da situação e rebaixar o seu homólogo benfiquista. O outro recusou aproveitando esse facto e mais tarde, numa manifestação de cinismo e hipocrisia, apesar de dizer lamentar o sucedido com o adepto italiano, quase justificou o sucedido com a presença dele no local errado na hora errada, tendo comparado o presidente do Sporting a Vale e Azevedo, chamando-lhe demagogo, populista e mentiroso. Na resposta seguinte, BdC apelidou-o de cobarde, ironizou com a porta 18 e o pó branco e disse que LFV, logo que saísse da presidência do Benfica, seria vizinho de Vale e Azevedo. Mais tarde o inefável Saraiva, que parece querer manter o emprego a todo o custo, carregou novamente sobre Vieira… e isto promete não ter fim, hoje provavelmente com os paineleiros a continuarem a degladiar-se nos programas televisivos de “comentário desportivo” e que só servem para incendiar ainda os ânimos e desviar as atenções daquilo que o desporto tem de mais belo e que devia ser o seu foco. Um lixo que só existe porque os adeptos dão audiência a estes verdadeiros atentados ao bom senso e à inteligência alheia. E nem com a divulgação de “cartilhas” deixam de assistir a este verdadeiro estrume televisivo que só serve para adubar a violência no desporto.

Ah… e pelo meio parece que até houve um Sporting-Benfica, que representou um péssimo espectáculo, em que o Benfica deu mais um passo rumo a um tetra inédito no seu historial, ainda para mais ajudado com novo deslize do Porto no domingo em casa, ante o Feirense. Mas isso pelos vistos é apenas um facto de menor importância. O espectáculo principal já não é o futebol, isso passou apenas a ser algo colateral. O que interessa é espezinhar o rival, seja para desviar atenções de fracassos sucessivos que vão ocorrendo desportivamente, quer para continuar uma hegemonia em que muitos dos métodos usados são questionáveis. Os adeptos são instrumentalizados e deixam-se arrastar nesta querela insana, aplaudindo estes episódios rasteiros dos seus dirigentes enquanto aguardam pelo próximo round e trocando insultos e ameaças nas redes sociais e em qualquer local em que tal se propicie. Parece que o simples facto de alguém ser de um clube rival dá direito a que seja demonizado ou achincalhado… não temos todos nós amigos e familiares que são de outro clube? E então? Desejamos-lhe algum mal? E porque raio havemos de querer mal a quem não conhecemos, que tem filhos, irmãos ou família que o estimam e querem e onde estarão incluídos também adeptos de vários clubes certamente? Ou estamos apenas à espera de um pretexto e de uma vítima inocente para descarregarmos todas estas emoções negativas e as frustrações pessoais?

Não era tempo de isto acabar? Querem que continuem a ocorrer mais mortes como a deste adepto e a do very-light em 1996? Ou está tudo bem desde que seja do "inimigo"?

Façamos todos uma reflexão e um apelo aos políticos, juízes, treinadores, dirigentes, adeptos.

Aos políticos… deixem de usar apenas o futebol e o desporto para aproveitamento dos sucessos desportivos das selecções. Não se limitem a comparecer nos estádios junto de dirigentes de clubes… Intervenham junto deles e façam-lhes ver que isto não pode continuar. Criem legislação e façam-na cumprir sobre violência verbal e não-verbal no desporto. Repudiem publicamente estes comportamentos. Dêem instruções às polícias para investigarem seriamente as claques e os métodos que utilizam, sejam elas legalizadas ou não. Há lá gente boa, mas também energúmenos e criminosos e estes não têm lugar no futebol.

Aos juízes pede-se que punam severamente os culpados, não apenas de assassinatos, mas de agressões cobardes a coberto de pretextos de “apoio” aos clubes.

Quanto aos treinadores, falem sobre o jogo, tácticas, objectivos, etc. Assumam os vossos fracassos e erros. Não andem, veladamente ou de forma declarada, a acicatar ainda mais os ânimos.

Em relação aos adeptos (todos nós)….Acabem-se com as tarjas a exaltar a violência ou a gozar com a morte de outros. Acabem com assobios a imitar very-lights. Acabem com agressões gratuitas nos estádios e à volta deles. Respeitem a morte, porque vai calhar a todos e de preferência que seja natural e ao fim de uma longa vida. As claques que se humanizem, façam cânticos a puxar pelo seu clube e pela positiva, parando com provocações ou comportamentos criminosos onde existirem, com ameaças mútuas ou desafios para duelos seja onde for. Comentem menos nas redes sociais, se não o conseguem fazer sem entrar num registo de insulto ou ameaça ao primeiro pretexto e não vejam apenas as culpas alheias. Não assistam a programas de paineleiros irresponsáveis. Desfrutem dos bons valores e dos verdadeiros prazeres da vida. Dêem um passeio, umas futeboladas com os amigos, independentemente do clube a que pertençam, ou façam-no com os filhos. Não contribuam mais ainda para tornar o mundo e o do desporto em particular, um local irrespirável e em que pessoas de bom senso e moderação, não possam ter lugar.

Por último, para os dirigentes, que têm responsabilidades acrescidas, não façam declarações irresponsáveis. Não usem os adeptos dos respectivos clubes como escudos humanos ou baixas colaterais, para poderem desviar as atenções ou para se manterem agarrados ao lugar. Não distribuam cartilhas a parasitas do futebol a quem ninguém devia dar audiência ou atenção. Sensibilizem os vossos departamentos/agências de comunicação para darem mais atenção à divulgação das notícias sobre o próprio clube e o mínimo de intervenções sobre os rivais.

Não transformem tudo isto num campo de batalha que torne impossível ou imprudente levar crianças a estádios ou ir acompanhado com amigos ou namorados/as de clubes rivais, sem que se corram riscos sérios de agressões, nem que seja de pessoas do próprio clube. Mais que isso… não desmotivem de vez as pessoas de irem assistir a espectáculos desportivos, porque isso levará ao definhamento dos clubes. Defendam os emblemas que representam, mas não os envergonhem. Tenham carácter e não subestimem o alcance a gravidade do que dizem/mandam dizer e as consequências dos actos que praticam. Se no final não o conseguirem… podem sempre retirar-se e deixar o desporto e o futebol para quem o preza e sabe respeitar.

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