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O Sporting é a paixão que nos inspira. Não confundimos competência com cultos de personalidade. 110 anos de história de um clube que resiste a tudo e que merece o melhor e os melhores de todos nós. Sporting Sempre

15
Mai17

O famoso romance queirosiano Os Maias (pessoalmente o de que mais gosto do tio Eça) possui uma das cenas mais inspiradas da literatura portuguesa: o jantar no Hotel Central, ao Cais do Sodré (que já nem existe). Antes da fabulosa cena apoteótica entre o titã realista João da Ega e o vate romântico Tomás de Alencar, os comensais discutem a saúde financeira do país. A dada altura:

“Carlos não entendia de finanças: mas parecia-lhe que, desse modo, o País ia alegremente e lindamente para a bancarrota.

- Num galopezinho muito seguro e muito a direito – disse o Cohen, sorrindo.”

Peço, desde já, desculpa aos leitores mais impaciente por este intróito literário. Peço também desculpa pelo meu longo silêncio neste espaço. Senti apenas a inutilidade do meu esforço. Hoje, contudo, a ocasião é demasiado urgente para continuar calado.

Não, não pretendo dissertar acerca da (reconhecidamente débil) saúde financeira do Sporting. Não, não pretendo aprofundar a dor de que todos já padecemos. O conceito de bancarrota que serve de mote a este texto é de natureza moral. O Sporting foi ontem destituído de qualquer autoridade moral que ainda lhe restava. O Sporting consumou ontem a sua bancarrota moral.

Por 5 vezes o Sport Lisboa e Benfica foi impedido de chegar ao tetracampeonato. 2 delas pelo Futebol Clube do Porto. 3 delas pelo Sporting, a última das quais especialmente saborosa porquanto foi coroada por uma dobradinha no precioso ano de 1974 e com a marca até hoje inigualada de Hector Yazalde, cifrada nos 46 golos.

Durante 48 anos (1954-1998) tal marca foi pertença exclusiva do nosso querido Sporting Clube de Portugal. Sofremos a indignidade de ver o Futebol Clube do Porto a igualar-nos e, no ano seguinte, a transcender esse feito. Ontem, o nosso maior rival entrou, por mérito próprio, no mesmo clube de tetracampeões, garantindo, no mesmo jogo, o 3º lugar ao Sporting Clube de Portugal. Haverá maior humilhação que esta? Ganham-nos o campeonato, empurram-nos desdenhosamente para fora da luta e, como prémio de consolação, ainda nos dão o chocolate da pré-eliminatória da Champions.

Quanto a vós não sei, mas ontem foi o dia mais triste que já vivenciei como sportinguista. Mais que a final da Taça UEFA desgraçadamente perdida em nossa própria casa. Mais que Maio de 2013, há precisamente 4 anos, com a confirmação de um miserável 7º lugar. É que, em 2005, ainda se lutava. Em 2013 sabíamos que era uma questão de tempo até algo mudar.

Desta vez, é mais grave… Estamos pior do que nunca, mas não há mudança à vista… Serão os próximos 4 anos iguais aos que nos foram infligidos até agora? Continuará a desculpabilização?

É que, não sei se se aperceberam, mas o Benfica ganhou em toda a linha. E ganhou porque é melhor em toda a linha. Porque é demasiado poderoso para não ganhar. Pode não ter melhor treinador, mas tem melhores jogadores. Pode ter um ladrão condenado e alegado traficante como Presidente, mas tem Domingos Soares de Oliveira como administrador de topo da SAD. Pode ter Pedro Guerra como bandarilheiro encartilhado, mas tem Rui Costa como Director Desportivo. Pode ter a porta 18, mas faz negócios como ninguém em Portugal, ao nível do marketing. Pode estar refém de Jorge Mendes, mas ainda consegue jogadores do calibre de Jonas. Pode enfiar barretes como Renato Sanches, mas tem o Seixal que, neste momento, vence em toda a linha quaisquer infra-estruturas que tenhamos em Alcochete. Podem até nem ganhar em futsal, mas ganham em hóquei, em voleibol e, brevemente, serão mais competitivos que nós em andebol, outra modalidade histórica do Sporting onde a incompetência passa por “bloqueio mental”.

Eles desforraram-se deliciosamente de nós em cada canto. O Sporting não lhes pode apontar nada. O Sporting está a braços com uma bancarrota moral que não lhe permite arrecadar louros de nada. Bate recordes negativos uns atrás dos outros. No entanto, o mais grave mesmo é a falta de perspectiva de melhoria. O futuro é sombrio porque nada vai mudar. Os erros repetir-se-ão. A desresponsabilização continuará. O Sporting não tem tempo a perder e, no entanto, continuará a perdê-lo.

Talvez conviesse demonizar menos e trabalhar mais. Seguir o bom exemplo alheio. Começar por baixo. Construir pela base. Profissionalizar. Servir o Clube. Por ora, apenas miséria nos aguarda. Miséria alicerçada em passadismo. À semelhança de tudo neste Sporting, não basta afirmarmo-nos, temos de o demonstrar. Até lá, seremos sempre um clube de ocasião que, de quando em vez, faz uma gracinha.

Para quando, Sporting? Para quando competitividade a sério? Para quando cumprir-se o Clube?

Sporting Sempre

PS: Perdoem-me o texto desconexo. Brevemente lançarei um texto mais estruturado acerca dos vícios e problemas estruturais do Clube a que urge fazer face.

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07
Mai17

O guião de Jorge Jesus

por Krassimir

Guião Jorge Jesus.jpg

 

62 anos depois o Belenenses voltou a vencer em Alvalade. Exatamente, nem nos mandatos de Godinho Lopes, Jorge Gonçalves e outros presidentes que tanto foram criticados e apelidados de incompetentes, isto aconteceu.
Foi preciso termos um treinador a ganhar 7M euros e o maior orçamento de sempre para o futebol para tal “façanha” ter lugar.

Num jogo que convidava a levar a família, no dia da Mãe, um Estádio quase cheio, com um Sol esplendoroso, que tinha tudo para ser uma festa, ainda com a hipótese remota de incomodarmos o Porto no segundo lugar, seria difícil imaginar cenário mais dantesco.
Houve ainda a particularidade adicional de vermos novamente um ex-treinador do Sporting (Domingos) a tirar pontos ao nosso clube, tal como acontecera com Abel e o Braga na primeira volta, num clube respeitável como é o Belenenses, mas que vinha de uma série de 7 (sete!) derrotas consecutivas. Pelo menos continuamos a levantar a moral de adversários em depressão profunda. Nisso, sempre nos distinguimos e mantemos a tradição de há muitos anos.

Percebe-se cada vez mais que JJ nunca aceitou os regressos de Gauld e Geraldes, tendo torcido o nariz a Palhinha e apenas Podence lá vai tendo algum espaço. Vieram porque o presidente achou que deviam vir, mas JJ jamais vai contar com eles. E o mesmo destino aguardará certamente Iuri na pré-época. Por outro lado, Gelson Dala, que tem assinado promissoras exibições na B também não merece qualquer oportunidade. JJ continua a fazer questão, jornada após jornada, não apenas de provar que ele é quem manda, mas que por ele vem mais um camião de flops caros, para daqui a uns meses vir dizer como agora, que são terceira ou quarta escolha e que são precisos outros. Enquanto isso os nossos jovens vão ficando um ano mais velhos, não têm oportunidades de demonstrar o seu valor e percebe-se que em nada ficam a dever às “estrelas” que vão vindo para o nosso clube.

Nem vou abordar muito o jogo porque não é o mais importante neste momento.
O que importa é perspectivar a nova época e o que podemos esperar com este treinador, porque esta está mais que definido o posicionamento na tabela – terceiro lugar.
E aqui começa o balanço sobre o deve-haver com Jorge Jesus.
Muito se tem falado de que valorizou João Mário e Slimani. Mesmo que isso seja verdade, tratavam-se sempre de excelentes jogadores que não valiam propriamente zero antes dele chegar. Slimani, já era um bom ponta-de-lança e João Mário um jogador em ascensão, que já era um titular na primeira equipa e que também teve depois a montra do Euro para se potenciar. Mas dando de barato que JJ os valorizou, vamos ver o que não se ganhou com Jorge Jesus.
Em primeiro lugar e logo na primeira época, não conseguiu apurar o Sporting para a fase de grupos da Champions. Mesmo com arbitragem tendenciosa, a verdade é que a equipa deixou bastante a desejar em períodos desses jogos com o CSKA de Moscovo. Portanto 12 milhões perdidos. Depois, não contabilizando o recorde de pontos - que não rendeu nem dinheiro nem troféu no Museu - foi possível com o segundo lugar apurar-nos para a Champions. Porém, na fase de grupos, conseguimos a "proeza" de ficar atrás do Legia em quarto lugar e não obtivemos assim mais receitas além das associadas à participação na fase de grupos e voltamos a baixar no ranking.
Por outro lado tivemos um investimento grande em jogadores, que incluiu Elias (2M), Petrovic (2M), André (3M), Alan Ruiz (8M), Castaignos (2,5M), Meli (1M) e Dost (10M). Destes jogadores, só o dinheiro gasto em Dost foi bem aplicado. O resto - quase 20 M, se contabilizarmos os empréstimos de Campbell e Markovic - representaram um investimento muito mau e em alguns tratando-se de jogadores que já vinham com histórico recente que não aconselhava a sua contratação.
Depois desta época quase concluída, e como já se viu, não vamos também ser apurados para Champions League directamente e se não sobrevivermos à pré-eliminatória, até porque o nosso ranking da UEFA baixou bastante nos últimos anos, lá perderemos mais 12M, no mínimo. Isto com um Porto e Benfica do mais pobre que se tem visto nas últimas épocas....
Para além disso, temos de adicionar os custos directos dos salários de JJ. Se na primeira época ganhou 5M de euros, nesta terá visto este contrato melhorado e subido o seu salário para 7M de euros, que se manterá nas próximas duas épocas, ou mesmo se sair será isso que lhe teremos de pagar se o quisermos mandar embora. Estamos a falar de um custo total astronómico de 26 M de euros para as 4 épocas só para o treinador. Aqui houve uma grande irresponsabilidade de quem entregou completamente o futebol do clube a este homem. Mas agora é hora de resolver o problema que foi criado.
E por último, se continuar a não valorizar os nossos jovens e a não apostar neles, teremos de somar também esse prejuízo, porque enquanto prefere Campbell, que vai sair daqui a semanas, Castaignos, que se espera que não continue, não tendo ainda marcado qualquer golo pelo Sporting (tal como Barcos na época passada) ou mesmo Bryan Ruiz, promovido a quase fetiche de JJ e que está uma sombra do jogador da época passada, não dá reais oportunidades aos nossos valores, não lhes permitindo assim adquirir rotinas, pelo que provavelmente só a sua saída ou o seu empréstimo parecem cenários prováveis sem a valorização que poderiam conhecer.

Por isso só posso dizer que estou farto de Jorge Jesus e que deixei de acreditar no sucesso com ele ao leme da equipa. Não quero mais ter de me envergonhar com conferencias de imprensa ou flash-interviews patéticas, em que nunca assume a responsabilidade pelas derrotas, arranjando sempre “bodes respiratórios” para ir na onda da linguagem que utiiliza. Em que acaba por falar dos seus deméritos como fez hoje ao dizer que teve de apostar em jogadores que são terceira ou quarta escolha, esquecendo que foi ele próprio quem os contratou. Preparando terreno para poder exigir mais uns quantos flops, sabe-se lá porquê. Gozando com os sportinguistas e não os respeitando como quando muitas vezes fala do clube e com um discurso que se adequa muito mais ao nosso rival da Segunda Circular do que ao Sporting Clube de Portugal.

E agora presidente Bruno de Carvalho? Espera para ver se o pessoal para a próxima época continua a embarcar na onda do “este ano é que é” e a encher o estádio, a renovar a compra de GB, ou a vibrar com o Pavilhão cuja inauguração vai sendo adiada e que tudo isso chega para a malta ir continuando iludida?
Está na hora de uma vez por todas se acabar com a demagogia barata e o populismo, com as desculpas (vai para o 5º ano de mandato) e queremos ver medidas e atitudes concretas para mudar esta vergonha. E não, os culpados não são apenas os jogadores. Chega!

 

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