Aproxima-se a data de 4/03, sábado, dia em que decorrerá em Alvalade, das 9 às 19 horas, a votação na qual será escolhido o presidente do Sporting, mas também da Assembleia Geral, do Conselho Fiscal e Disciplinar e do Conselho Leonino. Com a excepção deste último, em que se apresenta uma lista independente protagonizada por Gonçalo Nascimento Rodrigues, para os restantes órgãos sociais apenas concorrem pessoas das listas A e B, respectivamente de Pedro Madeira Rodrigues e de Bruno de Carvalho.
Neste momento, tudo indica que Bruno de Carvalho irá vencer as eleições. Ao invés do adversário, todas as gaffes, soundbytes, acusações e até insultos lhe são perdoadas e relevadas. Propostas que verdadeiramente trouxessem algo de novo, nomeadamente em relação à estrutura do futebol e de investimento nas modalidades (se é ou não para manter), por exemplo, nada de novo se viu. Mas muitos sócios aplaudem e parece que nem querem saber de nada, estando completamente anestesiados em relação às questões do clube, mas por outro lado virando ferozes talibãs sempre que alguém ousa criticar a actual Direcção.
Parece até que Bruno de Carvalho acha estas eleições uma enorme maçada, um mero formalismo e que nem precisa de se esforçar para apresentar propostas aos sócios. “Aqui estou, ou eu ou o caos, os outros são o Diabo, lampiões, etc”. Aliás, chega ao ponto de acusar o adversário de falta de ideias, embora não se sinta na obrigação de as apresentar. Acusa-o também de falta de nível e de educação. O mesmo presidente que durante o mandato, proferiu as declarações que se conhecem… Em relação à Comunicação, continua a achar que falar diariamente dos rivais, sem qualquer selectividade, é o caminho.
Do outro lado, Pedro Madeira Rodrigues, cometeu vários erros, apesar de se dever destacar a coragem de se apresentar numa eleição em que tem sido fustigado por imensos ataques, de se demitir do lugar que ocupava em termos profissionais, do esforço que fez em termos de contactos e diligências para corporizar uma alternativa com propostas. Pena que vários lapsos de discurso, lhe tenham retirado força e credibilidade. Fica a ideia que poderia ser melhor presidente que candidato. Quem ridiculariza a sua proposta de treinador – Juande Ramos – que apesar de poder ser sempre criticada, já orientou grandes clubes e conquistou troféus importantes bem como quem critica investidores árabes, são os mesmos que aplaudiam um candidato que apresentava Van Basten ou que referia ter fundos russos a apoiá-lo… é o que temos. Agora surgem já adeptos a pedir a sua expulsão de sócio, só porque teve a coragem de corporizar uma alternativa ao actual presidente. Inacreditável!
No meio disto tudo, sobra assim a insanidade e alienação de muitos adeptos. Para esses, aparecesse quem aparecesse, diriam sempre o mesmo. Claro que para além dos adeptos fanatizados, existirá quem vota em Bruno de Carvalho por não gostar da alternativa, numa postura de que “fez muitos erros, mas o outro será pior”, quem simplesmente vote em branco ou nulo, por não se rever em nenhuma das candidaturas e querer assim mostrar um cartão amarelo à actual Direcção e ainda quem vote em Pedro Madeira Rodrigues por achar que lhe dá esperança de uma mudança de discurso e de estratégia. Ainda assim, estes últimos parecem ser uma clara minoria.
Registe-se ainda a quase total ausência de debates. Apenas se verificou um entre candidatos à presidencia, na Sporting TV, com o moderador a revelar clara parcialidade em favor do seu actual superior hierárquico. Uma lástima de facto. E no caso dos candidatos à presidência da Mesa da Assembleia Geral, com Marta Soares a ter oportunidade de falar depois de Rui Morgado, rebatendo o que este dissera, sem contraditório...
Assim, para além da previsível vitória de Bruno de Carvalho, teremos ainda Jaime Marta Soares a poder ser eleito por arrastamento para a presidência da mesa da Assembleia Geral. Uma figura que não se tem mostrado à altura do cargo que desempenha, não o prestigiando e atropelando as regras de tratamento dos sócios, como ainda recentemente se viu com a rábula dos cadernos eleitorais. Votar na lista B para a mesa da Assembleia Geral significa dar mais uma vez uma oportunidade a um indivíduo que não dignifica o cargo nem o Sporting.
Quanto ao Conselho Leonino, órgão tantas vezes criticado pela sua inoperância, surge uma esperança com a candidatura da lista independente, de Gonçalo Nascimento Rodrigues, da lista C. Com um discurso bem estruturado, propostas reais e que parecem querer dar mais importância e voz aos sócios, apresentando mesmo a possibilidade de extinção do Conselho Leonino caso não se cumpra o programa, permite acalentar uma esperança de fazer chegar reais contributos à Direcção eleita. Restará saber se serão ou não acolhidos, pois a frase “o Sporting é nosso” cada vez parece mais uma quimera e um cliché usado com fins eleitoralistas, mas não para ser cumprido. De destacar que Jaime Marta Soares recebeu mal esta candidatura, de acordo com o que disse o próprio cabeça de lista…
E é assim que surgem estas eleições. Que se realizem e que o Sporting possa ficar mais forte num ano em que o futebol está a ter uma prestação muito decepcionante e vários adeptos dão mostra de níveis de insanidade e de falta de tolerância com os outros sportinguistas deveras preocupantes. Que regresse o bom senso e os títulos que nunca mais aparecem …uma certeza porém: no dia 5 de Março, seja qual for o resultado das eleições, o tempo não será de euforias, mas de trabalho e de preocupação pelo futuro do nosso querido clube.
VIVA O SPORTING!